Foto de dona Jocelina em preto e branco
Dona Jocelina nasceu em 4 de maio de 1920, em Jundiaí. (Foto: Arquivo pessoal)

A jundiaiense Jocelina Vilela Curado Fehr comemorou 100 anos de idade na última segunda-feira (4).

A visão e audição não estão tão bons quanto ela gostaria, mas sua lucidez é invejável.

“Eu recebi mais de 60 telefonemas de amigos, parentes e conhecidos”, diz a jundiaiense, que nunca deixou a cidade natal. “O padre que celebra a missa na Catedral Nossa Senhora do Desterro e é meu vizinho também. Me deu um bênção de aniversário”.

Nascida em 1920, ano em que a humanidade respirava aliviada pelo fim da pandemia de gripe espanhola, agora, 100 anos depois, ela celebra a vida trancada em seu apartamento, no Centro de Jundiaí.

Dona Jocelina assopra velas do bolo
Em 2019, Jocelina em seu aniversário de 99 anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Seus planos, para tão logo o fantasma da nova doença vá embora, são simples, mas iguais aos de muita gente em qualquer faixa etária atualmente.

“A primeira coisa que quero fazer é reunir toda minha família, que é muito grande. Eu estou com muita saudade”.

Uma história com Jundiaí

A história de dona Jocelina se confunde, desde seu início, com a história de Jundiaí.

Neta de português, ela nasceu dentro da farmácia do pai, na rua do Rosário, no número 433, que hoje é ocupado pelo Graffiti Palace Hotel.

Os avôs, Dr. Almeida, médico de Jundiaí, e Capitão Curado, o avô paterno, estão eternizados em endereços muito conhecidos na cidade.

Assim como o nome do marido, Oswaldo Willy Fehr, hoje nome de uma rua do Jardim Tannus.

“Me formei professora aos 20 anos na Escola Normal Livre de Jundiaí. Me casei aos 22 anos, em 1942, com o Oswaldo, que era proprietário da A Paulicéa, famosa confeitaria de Jundiaí”, recorda.

Do casamento, regado a aventuras e viagens, vieram os gêmeos Paulo e Roberto e depois, o filho mais novo Fernando. Hoje, são oito netos e 10 bisnetos.

“São pessoas dignas, construíram família e são um orgulho pra mim”, fala sobre a linhagem. “Os três filhos são formados, trabalharam, hoje são aposentados. A minha maior alegria é saber que eu pude educar meus filhos”.

Família reunida em torno de uma mesa
Dona Jocelina comemorou os 99 anos anos, em 2019, ao lado de toda a família. (Foto: Arquivo pessoal)

Recordações

“Eu vivi muitos momentos felizes”.

Ao lado do marido e amigos, ela viajou por toda a Europa. Na Suíça, o marido com ascendência europeia, encontrou suas raízes. Ainda visitaram Rússia e Holanda.

Depois de um tempo, também conheceram o Japão.

“O Brasil também. Viajei para o Norte, para o Sul, fui para o Brasil inteiro”, comenta dona Jocelina.

A amiga Ana Luíza de Mattos Prado Pedroso, vizinha e cuidadora, a ajuda a recordar dos momentos que viveu ao lado de Oswaldo.

Foi pelas mãos do marido e dos cunhados que o edifício que hoje elas moram, foi construído. O projeto é de ninguém menos que o engenheiro Vasco Antonio Venchiarutti.

“Quando me mudei pra cá, há 11 anos, dona Jocelina foi a primeira pessoa que me acolheu”, se emociona Ana Luíza.

“Nós passávamos a tarde juntas, fazendo tricô e crochê. Há quatro anos, quando ela precisou de alguém para ficar com ela, eu disse que eu ficaria e faço isso com muito alegria”.

Os velhos hábitos das amigas não ficaram no passado. Ainda hoje, a casa está cheia de agulhas, linhas e cobertores que dona Jocelina tricota e doa a uma instituição de caridade.

“Eu faço mantas para recém-nascido para a Casa do Caminho, que trabalha em benefício aos mais pobres”, conta dona Jocelina.

Foi assim que ela comemorou o 100º aniversário: tricotando, em paz, com a certeza de ter vivido anos duros e também muito felizes.

Mais uma vez, parabéns, dona Jocelina! Muitos anos de vida!

Mantinha de tricô e foto de dona Jocelina com a amiga Ana Luíza
Dona Jocelina (à esquerda), com a sua cuidadora e colega de tricô, Ana Luíza (à direita). (Foto: Arquivo)