
Elas perfumam e colorem os lugares mais cinzas. Donas de uma beleza sem igual, carregam dezenas de significados. Representam a alegria quando dadas a uma amiga que acabou de descobrir a gravidez, simbolizam o perdão quando é preciso pedir desculpa por erros graves, homenageiam mães e mulheres por ser simplesmente quem são, marcam o luto e a saudade de quem já se foi.
As flores, tão naturais, são quase imperceptíveis; mas quem as recebe sente a diferença de sua presença.
Cleide De Rizzo Saab não é um nome conhecido do jundiaiense, mas Kéka, seu apelido desde pequena, já causa identificação. Proprietária da Kéka Flores há 30 anos, a relação da especialista em arranjos com as flores é de longa data.
Nascida no sítio, em um bairro chamado Córrego das Flores, a paixão pela floricultura começou aos sete anos, quando buscava flores para enfeitar a mesa de jantar e surpreender a mãe. Depois de casada, todo dia 11, ela recebia arranjos do marido. A data marcava mais um mês de união. Hoje, seus filhos seguiram no ramo e também são floristas.
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Ainda assim, mesmo com uma história tão especial, Kéka prefere sair de cena para dar lugar a verdadeira rainha do dia: a flor.
“Quem compra flores aqui sempre está muito alegre ou muito triste. Esse significado da flor é único”, conta ela. Quem passa pela floricultura, não marca só a vida de outras pessoas, ao presenteá-las com um arranjo, mas também a vida de Kéka. “Eles sempre deixam um pouco de si mesmos. Brinco que aqui parece um consultório de psicólogo e, pra falar a verdade, eu adoro”.

De pessoas que receberam sinais divinos ao receberem flores das mãos de Kéka até crises no casamento, salvas por buquês de rosa colombiana. Ela lembra de cada caso. “Uma vez um rapaz pediu que entregássemos um arranjo para uma mulher, onde ela trabalhava. Assim que ela apareceu na porta e viu aquela quantidade de rosas, ela caiu no choro. Veio até mim dizendo que nunca tinha recebido tantas flores”, resgata na memória com a certeza de que momentos assim fazer o trabalho valer a pena.
Para ela, a flor representa, dentro de todos os seus sentidos, a verdadeira sensibilidade do ser humano. Quem dá uma flor, seja lá o que estiver sentindo, é puro, sincero e autêntico.
Fora de hora
Kéka diz que as melhores homenagens são as que acontecem fora de hora. Priscilla Gadelha, advogada de 27 anos, também acredita nisso.
Há dois anos, depois de pedir uma entrega de flores a uma amiga que enfrentava problemas, Priscilla começou a presentear as pessoas queridas com arranjos. “Sempre tem girassol ou bromélia”, brinca.

Priscilla diz que as flores trazem alegria, por isso, ela faz questão de presentear as pessoas que ama. “Quando eu vou na casa de alguém, eu levo um arranjo como forma de gratidão. Se sei que alguém está enfrentando um momento difícil, presenteio também. E se a notícia é boa, a flor serve como comemoração”, conta.
Em dois anos, Priscilla estima que ela já tenha montado mais de 15 arranjos. O hábito passou para a família e agora, além de dar, ela também recebe flores frequentemente da mãe.
“A flor não é um presente, é um gesto de amor, e a beleza da vida está na simplicidade”, conclui.

