Botijões de gás empilhados
Em Jundiaí, revendedores falam sobre instabilidade no abastecimento. (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

“Para hoje (8), eu não tenho”. Essa foi a resposta de quatro revendedoras de gás de Jundiaí ao serem questionadas pelo Tribuna de Jundiaí sobre a venda dos produtos. Apenas uma, a Nacionalgás, tinha botijões, mas com o alerta: “não dura até amanhã, são poucas unidades”, disse a atendente.

A falta de gás de cozinha começou há cerca de 10 dias; apesar da Petrobras ter tranquilizado a todos afirmando que não faltaria, em São Paulo, além da ausência do produto, o abuso nos preços também foi significativo. Na capital, botijões são vendidos por R$ 100.

Em Jundiaí, não houve aumento acentuado no valor até o momento, mas a instabilidade no abastecimento afeta o categoria.

A Totalgás, por exemplo, chegou a fazer listas de reserva dos botijões. “Agora não reservamos mais. Pedimos que os clientes liguem e informamos por telefone se há ou não produto para o dia”, disse a atendente Jéssica Tavares.

“Vejo que a compra tem aumentado por medo de ficar sem”, destaca.

Na Chama Gás, há fila na porta e o telefone não para de tocar. “Chega metade da quantidade solicitada e o que chega, sai em meia hora”, afirma a atendente Silvana Barbosa. Assim como Jéssica, ela reconhece que a venda aumentou, mas por razão do consumo. “As pessoas que estavam em restaurantes e shoppings, agora precisam cozinhar para toda a família”.

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O entregador Joaquim Prado, do Gás São João, vendeu 70 botijões em 2 horas. Ele não tem previsão de quando chega a próxima entrega.

Nas unidades Ultragaz, o atendimento está de portas fechadas. Lá também: nada de gás.

“Geralmente, às 14h, já não tem mais gás. Está faltando”, diz Rafael Scrico,

Vale mencionar que fazer estoque dos botijões, além de ser perigoso, devido ao risco de explosões, também prejudica quem realmente precisa do produto. O abastecimento às revendedoras não foi paralisado, mas sofre instabilidade.

Faltou gás para o almoço

Michele Stella, jornalista e empresária, precisou pedir comida para o almoço da família na última semana.

“Passei meio período caçando gás para fazer almoço. Eu fui em três lugares pra conseguir comprar um botijão”, conta.

Nessa semana, ela conseguiu garantir a compra. Um amigo da família a avisou sobre a chegada de um novo carregamento.

Adriana Oliveira, dona de casa, está sem gás desde às 8h desta quarta (8). “Já liguei em todas as distribuidoras de gás de Jundiaí, Itupeva e até Louveira. Não tem. Em algumas dizem que vai chegar amanhã mas não é certeza, em outras nem previsão”, detalha. Assim como Michele, ela precisou pedir comida fora para ela e a filha, de 9 anos.

A comerciante Lilian Vaz interrompeu as atividades no restaurante o qual é proprietária. Parte do grupo de risco, ela preferiu fechar as portas e ficar em casa com a família; mas precisou retornar ao estabelecimento para pegar o que restava de um botijão de gás.

“Só não estou sem cozinhar porque eu tinha esse do restaurante, que também está no final. Meu marido foi a 6 lugares, eu liguei em outros 3 e não encontramos”.

Diminuição de operações nas refinarias

Segundo a Folha de S. Paulo, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse na segunda-feira (30), que a estatal passaria a reforçar as importações do produto, para compensar parte do volume que deixará de ser produzido no Brasil. Segundo ele, isso é necessário uma vez que houve redução das operações nas refinarias da estatal.

De acordo com Castello Branco, as importações emergenciais são suficientes para encher cinco milhões de botijões.