
Quem passou recentemente pela rua Senador Fonseca, no Centro de Jundiaí, certamente reparou em uma iniciativa inovadora no muro que fica no ponto de ônibus mais ao final da rua, em frente da Escola Professor Luiz Rosa. Por ali, entre duas colunas, foi fixada uma placa com apoio para cabides de roupas.
Com os dizeres “Você precisa? Sim: pegue uma peça. Não: doe uma peça”, o cabide solidário está sempre com peças de roupas e é abastecido diariamente por Irene Vieira, dona do brechó Achou Família, do outro lado da rua.
“O brechó, que é familiar – criado por mim, meu marido e minha filha – existe há um ano e meio. Nosso intuito sempre foi promover ações sociais, já que todas as nossas roupas são compradas de instituições de caridade, e vimos isso como uma forma de agradecer e devolver tudo que conseguimos de positivo ao longo da nossa trajetória desde que abrimos esse espaço”, conta a idealizadora do projeto.
Ela conta que sempre se interessou por cabides solidários, mas somente um mês atrás puderam colocar a iniciativa em prática. No início, como projeto piloto, viram que deu muito certo e decidiram levar a iniciativa adiante.
“Vimos que as pessoas abraçaram a causa, tanto os que passam pela rua quanto os vizinhos. Todos têm elogiado bastante. Com isso, fizemos a placa que está lá atualmente. Também colocamos caixas, para quem quiser doar sapatos, e coloquei uma planta também para decorar. Ao lado há um banco, para que quem espera o ônibus possa sentar”, continua.
Com as roupas expostas na rua, qualquer um que precisar pode pegar: seja uma pessoa desempregada, um morador de rua, ou, como Irene explica, “até mesmo quem está com frio e precisa de um agasalho naquele momento”.

“Esses dias estava frio e colocamos agasalhos nos cabides. Todas as peças foram recolhidas, mas uns dois dias depois uma dessas peças retornou para o cabide. Ou seja: a pessoa precisou naquele momento, com frio, e posteriormente devolveu no espaço para quem precisa”, relembra.
Mas, por mais que os cabides sejam abastecidos por Irene, as pessoas já estão se engajando e doam as peças por vontade própria. Um exemplo são as peças de crianças, que não são oferecidas no brechó e ainda assim estão constantemente nos cabides.
Um dos pontos positivos, de acordo com a idealizadora, é ver a ideia da solidariedade sendo passada adiante. “Esses dias uma mãe veio deixar roupas com os dois filhos e foi uma cena que me deixou muito feliz. A mãe ali doando, as crianças pequenas ajudando ela a colocar as roupas, aprendendo sobre esse gesto”.
Além disso, Irene explica que a ação visa o reúso e a sustentabilidade, conceitos importantes para ela e sua família. “Todos ganham nessa iniciativa, quem doa e quem recebe. E além de tudo reaproveitamos aquilo que já existe”, finaliza.