
Um artesão de Jundiaí transforma garrafas pet em verdadeiras obras de arte. Claudinei Roberto Nanzi trabalha com esse trabalho de reutilização desses materiais há 14 anos. Antes ele trabalhava com madeiras, mas decidiu dar lugar aos materiais plásticos por sentir “um pouco de indignação misturada com culpa”.
“Uma época fiquei um ano em Rondônia e lá eu vi as atrocidades que eram feitas para se extrair a madeira. Hoje tem manejo, selo verde. Ainda está longe do ideal, mas há 30, 40 anos era terrível, muito ruim. Voltei com muita culpa e com vontade de mudar de lado”, contou ao G1.
Então ele começou a reparar a quantidade de garrafas pet jogadas dentro de rios e galerias pluviais e decidiu que faria artesanato com essa matéria-prima, inicialmente como forma de brincadeira. No entanto, aos poucos, foi pegando gosto pelas produções: já produziu mais de três mil peças.
“As que me dão mais prazer de transformar são aquelas que eu chamo de ‘garrafas de área de risco’, porque elas estão prestes a cair dentro de uma galeria de água pluvial ou dentro de um córrego. Quando vão virar um problema, eu faço a captação e transformo em arte”, afirmou.
O processo de criação das obras começa com a ideia do que será reproduzido. Ele tenta aproveitar a anatomia da garrafa e a personalidade do fabricante. “Cada modelo me inspira em algum animal, santo, objeto ou símbolo”, comenta.
Os materiais usados são tesoura, ferro de solfa, pincel e uma bomba manual, além de algumas ferramentas criadas pelo próprio artesão. Tinta, purpurina, papel camurça e cola complementam o trabalho.
Ele chega a usar de 300 a 500 garrafas pet por mês, já que chega a usar mais de uma garrafa para uma produção: em uma coruja, por exemplo, são necessárias duas garrafas. Outras esculturas, como o Dom Quixote, levam de quatro a cinco garrafas para a produção.
Assim, o que define o valor das peças é o tempo gasto para produzi-las. “Uma coruja custa R$ 20, porque consigo fazer seis ou mais em um dia, Nossa Senhora de R$ 50 a 60, dependendo dos detalhes e da complexidade, Dom Quixote R$ 80 e máscara de teatro R$ 15”, contou.
“As garrafas não são tão descartáveis assim, dá para se produzir muita coisa com elas. A ideia é justamente agregar valor e também gerar habilidade manual, emprego e renda”, continuou o artesão.
As obras são vendidas em feiras de artesanato locais e na própria casa do artista, que fica na Avenida Nações Unidas, 329, na Vila São Paulo.
“Eu falo que eu ganho dinheiro ‘no mole’, porque eu me divirto, me distraio e ainda vendo. A nossa arte é sustentável, porque a nossa matéria-prima são os resíduos da atividade humana nas áreas urbanas. Nós pegamos esses resíduos abandonados nas ruas e transformamos em arte”, finalizou.