Investigadora é exemplo da importância da presença feminina na polícia
Foto: Arquivo Pessoal

No Dia Internacional da Mulher, a história de Lilian Picchi é um exemplo de força e dedicação. Com 26 anos de carreira na Polícia Civil e há nove anos à frente do setor de investigação da Delegacia de Defesa da Mulher de Jundiaí, ela enfrentou muitos desafios para conquistar seu espaço em um ambiente tradicionalmente masculino.

Desde pequena, Lilian já demonstrava sua vocação para a carreira policial. “Minha mãe conta para todos que desde que eu me conheço por gente, eu falava que queria ter alguma profissão que andasse armada (risos). Na juventude as confusões que me metia sempre eram para proteger ou ajudar alguém. Concluo então que essa sempre foi a minha vocação. Ajudar e proteger o meu próximo“, relembra.

Investigadora é exemplo da importância da presença feminina na polícia
Foto: Arquivo Pessoal

O início da carreira, no entanto, não foi fácil. “Se ainda hoje, infelizmente, existe o machismo, imagina há 26 anos numa carreira totalmente masculina”, reflete. ‘No início foi difícil sim, mas Deus sempre colocou ótimos colegas no meu caminho, que me ajudaram a superar o preconceito e as dificuldades”, afirma.

A jovem policial, que ingressou na corporação aos 20 anos de idade, logo percebeu que o esforço exigido dela era muito maior.

“Lembro que me falaram: ‘Lilian, um policial homem pode errar quantas vezes quiser que ele ainda será um bom profissional. Mas uma mulher, se quiser respeito, não pode errar’!”.

Essa pressão constante a levou a se cobrar mais do que o necessário, o que trouxe desafios emocionais ao longo da carreira. Mas, de acordo com ela, “hoje já superados, graças a Deus.”

Investigadora é exemplo da importância da presença feminina na polícia
Foto: Arquivo Pessoal

Presença da mulher na polícia

Apesar dos obstáculos, Lilian conquistou seu espaço e se tornou uma referência na instituição. “Meu relacionamento com meus colegas é ótimo, existe diálogo, troca de ideias, coleguismo e muita colaboração, sempre com muito respeito”.

Para ela, a presença feminina na Polícia Civil se tornou essencial. “A cultura mudou drasticamente, hoje tudo está muito mais fácil. Dentro da Polícia Civil houve uma grande evolução, as mulheres são aceitas, ouvidas e principalmente se fazem necessárias dentro da instituição“.

Mas ainda há barreiras a serem quebradas. “Para que mais mulheres tenham acesso e reconhecimento profissional dentro da Polícia Civil, ainda há desafios estruturais e culturais a serem enfrentados. Talvez alguns programas de mentoria e desenvolvimento de carreira voltados para mulheres”, sugere.

Investigadora é exemplo da importância da presença feminina na polícia
Foto: Arquivo Pessoal

A investigadora tem certeza de que sua trajetória inspira novas profissionais. “Recebo inúmeros relatos sobre isso”. O mercado, segundo ela, tem se tornado mais receptivo. “Apesar de ainda existirem algumas dificuldades, eu percebo o mercado muito mais aberto. As oportunidades hoje em dia são imensamente maiores”.

Ao longo dos anos, foram muitos momentos marcantes, mas a maior recompensa está no impacto que seu trabalho gera na sociedade. “A cada esclarecimento de um crime, a cada prisão de um estuprador de criança, a cada mulher acolhida e ajudada, traz uma paz e uma alegria interna, um sentimento de dever cumprido que é algo que minha alma fica feliz e em paz. O orgulho que meu filho tem de mim, isso é fundamental para eu continuar”.

Para o futuro, Lilian não tem dúvidas: seguirá dedicada ao que ama. “Eu me enxergo como uma pessoa realizada, definitivamente eu amo a minha profissão. E desafios fazem parte do meu dia a dia, e é isso que me motiva e me deixa mais viva: enfrentar e superar qualquer desafio que me é dado!”.