
Técnicos de diferentes áreas da Prefeitura de Jundiaí concluíram, neste mês de junho, a participação no curso nacional “Emergências Climáticas: Implementando Soluções em Territórios Urbanos Vulneráveis”, promovido pelo Ministério das Cidades em parceria com o Lincoln Institute.
O município foi um dos dez selecionados, por meio de processo seletivo, para a formação que totalizou 48 horas de atividades. Entre elas, houveram encontros síncronos e assíncronos conduzidos por especialistas de renome nacional.
A capacitação, iniciada em abril, promoveu trocas relevantes entre os municípios participantes e aprofundou o debate sobre estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas, sobretudo em contextos urbanos mais frágeis.
Integração entre setores e experiências compartilhadas
A engenheira florestal Karina de Lima, da Unidade de Gestão de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (UGPUMA), destacou o caráter colaborativo do curso. “Durante a fase assíncrona, cada cidade compartilhou sua realidade e seus desafios. Isso nos permitiu identificar pontos em comum e refletir sobre estratégias conjuntas. Já os encontros síncronos aprofundaram temas técnicos, como soluções baseadas na natureza e resposta a situações como deslizamentos, alagamentos, queimadas e ocupações em áreas de risco”, explicou.
Ao todo, 14 servidores da Prefeitura participaram da formação, representando a UGPUMA, a Defesa Civil e o Departamento de Água e Esgoto (DAE). Assim, a arquiteta e urbanista Sylvia Angelini, do Departamento de Urbanismo da UGPUMA, reforçou a importância da iniciativa. “Foi fundamental para fortalecer o diálogo entre os servidores que já atuam com o tema, além de aprendermos com iniciativas que já estão em andamento em outras cidades, como os planos municipais do clima e os comitês interdisciplinares de resposta às emergências”.
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Projeto São Camilo é destaque no curso
Durante a capacitação, os técnicos de Jundiaí apresentaram o projeto de requalificação urbana do bairro São Camilo, considerado prioritário pela atual gestão. A proposta foi escolhida como estudo de caso da cidade.
De acordo com a arquiteta e urbanista Alissandra Bernardini de Oliveira, o projeto prevê a integração entre os bairros São Camilo e Vila Aparecida. Dessa forma, superando um desnível de 40 metros com escadarias, arborização e áreas de convivência. “É uma região marcada pela escassez de áreas verdes e vulnerabilidades históricas. A proposta é qualificar esse trajeto cotidiano da população, oferecendo infraestrutura com soluções baseadas na natureza, como os jardins de chuva, que ajudam na drenagem e no controle da velocidade da água da chuva”, detalhou.
A princípio, a obra já conta com recursos destinados e está na fase final de adequações para licitação.
Propostas futuras e fortalecimento institucional
Outro eixo relevante do curso foi o acesso a ferramentas de planejamento e financiamento voltadas às ações climáticas. Uma das propostas discutidas é a criação de um comitê interdisciplinar permanente para enfrentar a crise climática em Jundiaí, promovendo uma abordagem contínua e articulada.
“Vimos que várias cidades já estruturaram comitês desse tipo, que funcionam não apenas em momentos de emergência, mas como espaços de planejamento e ação constante. É essencial que a mudança do clima seja compreendida como uma questão coletiva e integrada, e que as políticas públicas priorizem os territórios e grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e populações de áreas com infraestrutura precária”, afirmou Sylvia Angelini.
Segundo Guilherme Lima, diretor de Meio Ambiente da UGPUMA, os próximos passos envolvem a apresentação dos resultados do curso à gestão municipal. “O próximo passo é apresentar os resultados do curso aos gestores das áreas que participaram do curso e ao prefeito, sugerindo encaminhamentos para buscar uma maior sinergia entre todos os planos, programas e ações desenvolvidos pela administração e, a partir disso, construirmos um plano de enfrentamento às mudanças climáticas para Jundiaí”, destacou.
Formação reforça agenda climática municipal
Para os técnicos envolvidos, a participação no curso representa mais do que uma qualificação técnica — é também um impulso institucional para a agenda ambiental da cidade.
“Estar em um curso promovido pelo Ministério das Cidades e por uma instituição de referência como o Lincoln Institute nos dá respaldo técnico e político para seguir avançando na construção de uma cidade mais resiliente e justa frente à crise climática”, concluiu Karina de Lima.