
O jundiaiense Rafael Marques Lusvarghi, 36 anos, foi preso por tráfico de drogas após flagrante realizado pela Polícia Militar, em Presidente Prudente. Julgado e condenado a 13 anos de prisão pela prática de terrorismo na Ucrânia, Rafael ficou conhecido em todo o Brasil também pelos protestos contra a Copa do Mundo, em 2014, quando enfrentou policiais militares em São Paulo.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), a prisão ocorreu sábado (8) à noite. Segundo informações da Polícia Militar, ele estava em atitude suspeita junto com um outro rapaz quando foram abordados. Rafael confessou que vendia drogas e que tinha mais delas na casa em que mora. No local, foram encontrados 33 tijolos de maconha – totalizando 25 quilos – dinheiro, materiais para embalar a droga e 350 munições de calibre 9mm.
Os policiais também apreenderam um notebook, vários passaportes, documentos pessoais, uma agenda com anotações, três celulares, e uma moto que o suspeito não soube explicar a origem. Tudo foi levado para a Delegacia Seccional de Presidente Prudente.
Lá o jundiaiense também contou que estava há um mês em Presidente Prudente, procurando emprego. Relatou que veio da Ucrânia, onde foi preso em Kiev, por participar de organização terrorista. “Em razão do histórico do suspeito, bem como os crimes cometidos de tráfico de drogas e posse irregular de uso permitido, a autoridade policial solicitou a prisão preventiva à Justiça. O indiciado permaneceu à disposição do Judiciário”, informou a SSP, em nota.

Terrorismo
Em 2017, o Tribuna de Jundiaí contou a história de Rafael Marques Lusvarghi. Ele havia acabado de ser condenado por terrorismo pela Justiça da Ucrânia e, graças aos advogados, teve anulada a sentença após falhas identificadas no processo.
Rafael teria lutado pela independência política de dois territórios do país. Pretendiam criar a República Popular de Donetsk (RPD) e a República Popular de Lugansk (RPL).
Após novo julgamento, ele foi condenado novamente a 13 anos de prisão. Em dezembro de 2019, porém, o jovem teria sido solto numa troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Milícia Popular de Donbass.
Em 12 de junho de 2014, ele ficou conhecido publicamente ao ser detido no protesto contra a Copa do Mundo, na capital de São Paulo. Naquela ocasião, enfrentou a Polícia Militar sem camisa e levou tiros de bala de borracha. Ele aparece ainda em vídeo sendo contido por diversos policiais e levando um jato de spray de pimenta no rosto.

Quem é
Mais velho de quatro irmãos nascidos numa família de origem húngara e de classe média, Rafael é filho de uma professora e de um empresário. Na adolescência, ele fez curso de técnico de agronomia.
Aos 18, Rafael se alistou na Legião Estrangeira, na França, onde serviu por três anos. Na volta ao Brasil, foi soldado da Polícia Militar de São Paulo, entre 2006 e 2007. Depois tentou a carreira de oficial na PM no Pará, mas abandonou em 2009.
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Em 2010, ele seguiu para a Rússia para estudar medicina. Tentou entrar para o exército russo, mas não conseguiu e voltou à América do Sul. Afirmou ter entrado no território colombiano, onde ingressou nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Descontente, retornou ao Brasil. Começou a dar aulas de inglês e trabalhar numa empresa de informática em Indaiatuba, interior paulista. Mas após ter sido preso pela PM em junho de 2014 durante os atos anti-Copa, perdeu os empregos. (com informações do G1)