Leandra Gonçalves é de Jundiaí e passou um ano nos Estados Unidos em um projeto sobre oceanos.
Leandra Gonçalves é de Jundiaí e passou um ano nos Estados Unidos em um projeto sobre oceanos - Foto: Arquivo Pessoal

Junto de todos os impactos que a pandemia da Covid-19 proporcionou, outra área afetada foi a das pesquisas acadêmicas. E quem pode confirmar isso é a pesquisadora de oceanos há quase 20 anos, Leandra Gonçalves.

Leandra tem 37 anos e é natural de Jundiaí. A pós-doutoranda passou um ano como pesquisadora visitante na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Seis meses deste período aconteceram em meio à pandemia.

De acordo com Leandra, o projeto que participou nos EUA analisava as políticas que regem a costa e podem focar ao uso e conservação do ambiente marinho. No entanto, a pandemia prejudicou a pesquisa, já que parte do projeto passou a ser remoto.

“Eu perdi os últimos seis meses fazendo pela internet. O mais legal é fazer a troca de conhecimento com outros pesquisadores, mas tudo acabou sendo de forma digital”, explica Leandra. Junto com a pesquisadora, seu marido e o filho do casal, de 5 anos, também viveram na Califórnia durante o período da pesquisa. Os estudos foram de julho de 2019 a julho de 2020 e outros dois pesquisadores participaram.

A família de Leandra a acompanhou nos Estados Unidos durante o ano de pesquisa.
A família de Leandra a acompanhou nos Estados Unidos durante o ano de pesquisa – Foto: Arquivo Pessoal

A jundiaiense também conta que um dos maiores desafios foi ter ficado longe do mar. “Eu busco sempre que eu posso. A pandemia retirou isso da gente e eu espero que as pessoas possam valorizar esse contato mais próximo um dia.”

Além disso, Leandra também conta que o trabalho de pesquisadora acabou influenciando na maternidade. Com 5 anos de idade, seu filho relata que quer seguir na ciência, assim como a mãe. O pequeno mostra interesse por tubarões. O marido da pesquisadora também atua na ciência, com pesquisa na área de Sociologia.

Experiências proporcionadas pela ciência

O primeiro contato de Leandra com as ciências biológicas aconteceu no Ensino Fundamental. Assim, com o contato mais próximo desta área, se motivou a estudar cada vez mais.

“Eu sempre ia ao litoral nas férias com minhas amigas, já que minha família não gostava de ir a praia. Na quinta série eu tive um professor de ciência e ele tinha um método o método experimental, sempre levava a gente no laboratório e possibilitava esse contato mais direto. Desde essa época eu já sabia que queria ser bióloga”, lembra.

Além de todos os estudos, a pesquisadora também participa do Greenpeace e da Fundação SOS Mata Atlântica. De acordo com ela, na linha de pesquisa que Leandra se dedica, é fundamental o contato com as ONGs.
“A experiência que eu tive foi olhar para além da ciência. Hoje, o meu objeto de pesquisa é muito influenciado pelas ONGs. Uma das memorias que tenho foi a oportunidade de participar de uma expedição na Antártica, em uma pesquisa sobre baleais durante quatro meses. Foi uma experiência única”, lembra.

Mulheres na Ciência

Nesta quinta-feira (11), é o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência. A presença das mulheres nesta área, geralmente protagonizada por homens, inspirou Leandra, junto de outras mulheres, a criar a Liga das Mulheres pelo Oceano.

O movimento surgiu em março de 2009, a partir de uma conversa entre a pesquisadora jundiaiense, uma jornalista e uma fotógrafa. O principal objetivo da Liga é potencializar ações e ideias de proteção do oceano, através da ótica feminina.

A princípio, 2.600 mulheres participam do movimento, espalhadas pelo Brasil e o mundo. De acordo com Leandra, a área de estudos do mar ainda são majoritariamente masculinos.

“Era muito masculino e muitas vezes hostil. Hoje as mulheres estão pelo mar a fora. Muitas atuam na marinha, como atletas ou pesquisadoras. Eu fui muito privilegiada em poder ocupar espaços muito importantes. A cada dia mais isso está mudando”, comenta.

A pesquisadora conta que o projeto é voluntário. No entanto, por causa da pandemia, precisaram suspender as ações que estavam construindo. “O mar não tem muita influência para as pessoas que moram distante dele e ensina para a gente o quanto somos dependentes da natureza. A sensação que a gente tinha que as pessoas davam mais valor para a Amazônia do que para o mar, mas os dois são importantes. A ideia é conseguir falar pra fora da nossa bolha”, finaliza.

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Com informações do G1.