Alyne e Yasmim
Foto: Arquivo Pessoal

Alyne Branco Queiroz Ramos, de 47 anos, nunca imaginou que dividiria a sala de aula da faculdade com a própria filha, Yasmin Branco Queiroz Ramos, de 18 anos. A trajetória dessas duas mulheres é marcada por sonhos e uma conexão especial que agora se estende para o universo acadêmico.

Hoje, Alyne trabalha como consultora de Estilo e Imagem e professora de piano, mas divide sua paixão com outros interesses.

“Eu sempre gostei muito da questão do comportamento humano”, conta Alyne, ao Tribuna de Jundiaí.

“Durante o colegial, fiz um teste de aptidão que sugeriu várias profissões: Secretariado, Diplomacia, Direito e Psicologia. Escolhi Secretariado Executivo Bilíngue e trabalhei na área por muito tempo. Mas precisei abandonar minha carreira para cuidar da saúde da minha filha do meio. Foi aí que comecei a trabalhar com Consultoria de Imagem e me tornei pianista de um coral do Projeto Guri, ensinando música gratuitamente para crianças.”

Apesar de ter mudado seu rumo profissional, o interesse de Alyne pela Psicologia nunca desapareceu. Há 12 anos, ela faz análise particular, cultivando a paixão pelo estudo do comportamento humano. A ideia de ingressar na faculdade só surgiu recentemente, e de uma forma inusitada.

Alyne e Yasmim mais novas
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O sonho de Yasmin e o incentivo de uma mãe visionária

Para Yasmin, o sonho de trabalhar como comentarista de futebol foi o ponto de partida para a escolha do curso. “Queríamos que ela estudasse em Jundiaí, e pensamos em outras opções que combinassem com suas habilidades. Chegamos à conclusão de que, dentro do curso de Psicologia, ela poderia trabalhar com esporte e com pessoas, algo que ela realmente ama”, explica a mãe.

Yasmin se inscreveu para o curso de Psicologia no Centro Universitário Padre Anchieta, em Jundiaí, e conseguiu a vaga. A família ficou eufórica com a conquista, mas foi a mãe de Alyne, vó de Yasmin, uma senhora de 83 anos com uma visão admirável da vida, que deu o empurrão final para uma decisão que mudaria tudo.

“Minha mãe disse: ‘Cursa com ela, Alyne! Aproveita! O tempo vai passar você fazendo nada ou não. Você gosta do assunto, aí vão as duas juntas. Você vai ter que levar, buscar, então aproveita e estuda também.'”, relembra Alyne com carinho.

“Minha mãe sempre foi uma mulher forte e visionária, muito à frente do seu tempo. Já trabalhava fora quando éramos pequenos, como professora. Esse incentivo foi o que eu precisava.”

Surpresa na sala de aula

Quando chegaram à faculdade, mãe e filha decidiram não contar a ninguém sobre o parentesco. Queriam viver a experiência como colegas de classe. Mas o orgulho materno de Alyne falou mais alto durante a apresentação inicial, deixando professores e alunos maravilhados com a história peculiar.

“Foi incrível ver a empolgação dos professores. Eles nunca tinham vivido algo assim antes”, conta Alyne.

Apesar disso, ambas procuram separar a relação de mãe e filha durante as aulas. “Lá dentro, somos apenas colegas de classe”, explica Alyne. E é nessa parceria que elas encontram força e apoio mútuo, principalmente quando o assunto é tecnologia. “Me sinto muito defasada para utilizar as tecnologias da faculdade, e ela me ajuda muito com isso”, admite.

Já a filha, Yasmin, comenta que no começo, acreditou que seria estranho dividir a sala de aula com a mãe e admitiu ter medo de Alyne “pegar em seu pé”, mas que toda a teoria que criou, caiu por terra.

“Me sinto muito à vontade com a presença da minha mãe na faculdade, como se ela fosse uma colega de classe como qualquer outra. O fato de estudarmos juntas facilita muito nossa comunicação sobre a faculdade e as matérias, já que falamos a mesma língua e conseguimos tirar dúvidas uma com a outra.”

Alyne e Yasmim
Foto: Arquivo Pessoal

No entanto, Yasmin deixa claro que apesar da situação, Alyne continua sendo sua mãe. “Ela [Alyne] me deixa muito à vontade e até faz questão de interagir com outras pessoas, para não ficarmos sempre grudadas. Além disso, ter a companhia dela no trajeto de ida e volta para o campus é algo que eu realmente aprecio.”

Duas gerações, um mesmo sonho

Completando 48 anos em agosto, Alyne reflete sobre a experiência que está vivendo ao lado da filha. “Duas gerações tão distantes, mas que agora trilham o mesmo caminho juntas! Eu jamais poderia imaginar. Já tínhamos realizado um sonho antigo de conhecer Londres juntas em 2022, e agora estamos realizando outro desejo: estudar algo que ambas amamos. Me sinto muito abençoada e privilegiada por isso.”

O aprendizado, para Alyne, vai muito além das matérias acadêmicas. É uma lição de vida, coragem e conexão familiar. E, mais do que nunca, mãe e filha sabem que o futuro é uma estrada que podem percorrer lado a lado.

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