
As crianças do projeto Ímpar do Amanhã, do bairro Ivoturucaia, tiveram uma manhã muito especial. A medalhista olímpica, Magic Paula, veio à cidade, diretamente para o Complexo Educacional, Cultural e Esportivo (CECE) Mário Milani, falar sobre sua carreira, sobre o esporte e sobre sonhos.
Paula se mudou para Jundiaí aos 14 anos. Chegou na cidade com a avó e as irmãs para conseguir se dedicar ao basquete. “Eu tenho muitas lembranças de Jundiaí. Lembro que passava o dia na escola, voltava para casa, trabalhava duas horas na secretaria do colégio e ia para a quadra. Ali ficava até à noite”.
Um jogo, em particular, marcou essa época. Jundiaí e Catanduva. Paula e Hortência adolescentes. Jogos Abertos do Interior e uma das maiores rivalidades do basquete nas quadras de Araçatuba.
“Precisávamos de 19 pontos para levar a final. Ganhamos com 21 pontos de diferença. Foi surreal”, relembra.

Bate-papo
Paula assinou bolas de basquete e dezenas de camisetas, mas a lembrança mais especial do encontro será, com certeza, as lições passadas pela grande mestre.
A ex-seleção falou sobre a importância da amizade e, aos pais, aconselhou sobre algo essencial para o desenvolvimento esportivo: o apoio da família. Paula também não economizou palavras para contar sobre o seu início no esporte.
“Falei ao meu pai que queria uma cesta de basquete em casa e ele disse ‘Vai jogar no clube!’. Naquele dia, eu encontrei uma acento de vaso sanitário no lixo de uma casa. Peguei, levei pra casa, prendi na parede. Quando meus pais chegaram em casa, à noite, estava eu, o acento pregado na parede e uma porção de velas para iluminar o espaço”, brinca.
As crianças tiveram a oportunidade de compartilhar os seus sonhos com a jogadora. Ser jogador profissional de basquete, pediatra, veterinária ou visitar a avó no Mato Grosso, não importa qual fosse, ela deixou um conselho: “Não deixem de sonhar”.
Os pequenos também puderam fazer perguntas. Um deles, já no final do evento, questionou Paula como é ser campeã do mundo. Aos risos, ela respondeu: “Ah, é uma delícia!”
Ímpar do Amanhã
A pequena Carol Cândido, de 12 anos, faz parte do projeto há pouco mais de um ano. No final do bate-papo, ela estava com uma única certeza. “Um dia vou ser igual ela”, disse convicta. “A mensagem que eu levo da conversa com a Paula é que um dia a gente ganha, um dia a gente perde, mas não podemos desistir”.
A mãe, Maxsiane Cândido, fala orgulhosa sobre a filha. “Ela mudou radicalmente. Está mais alegre, mais comunicativa. Só pensa em basquete. Esse projeto foi uma das melhores coisas que aconteceu”.
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Vaneide da Silva, tia do pequeno Gabriel, também reconhece a importância do Ímpar do Amanhã na vida das crianças do bairro. “O esporte é para salvar vidas. E você tendo a disciplina do esporte é a melhor coisa da vida”.
Basquete nacional
Magic Paula, embora não esteja mais envolvida com o basquete profissional, também é idealizadora de um projeto, o Instituto Passe de Mágica, que ensina a modalidade a crianças, com foco no desenvolvimento humano.
Para ela, sem o trabalho estrutural, de base, é difícil transformar a realidade atual do basquete feminino profissional, que enfrenta dificuldade em se destacar em campeonatos internacionais. “É preciso um planejamento a longo prazo, preparar uma nova seleção agora para competir daqui a 8, 12 anos. O problema é que a entidade máxima do esporte tem uma dívida de 40 milhões, e sem dinheiro, não dá para planejar”, defende.
