mata ciliar
Foto: Reprodução/Mata Ciliar

O debate sobre a permanência da Associação Mata Ciliar em Jundiaí ganha um novo capítulo nesta quarta-feira (5). A partir das 18h, a Câmara Municipal da cidade realiza uma nova Audiência Pública em prol da entidade.

Desta vez, discutirão o Projeto de Lei nº 14.777/2025, que propõe alterar o zoneamento da área da Mata Ciliar de industrial para proteção ambiental. Assim, a medida pode reduzir o interesse da especulação imobiliária e garantir a continuidade do trabalho desenvolvido há quase quatro décadas.

A audiência contará com uma presença de destaque internacional: o Dr. William Frederick Swanson. Médico-veterinário norte-americano, Dr. Swanson é reconhecido como um dos maiores especialistas mundiais em biologia reprodutiva e conservação de felídeos.

Com mais de 30 anos de experiência científica, Swanson atua como Diretor de Pesquisa Animal do Center for Conservation and Research of Endangered Wildlife (CREW), unidade de pesquisa do Zoológico de Cincinnati (EUA) — instituição referência mundial em conservação de espécies ameaçadas.

A participação na audiência pública é aberta ao público, com inscrições disponíveis pelo link: forms.gle/MEgGRZXzKNJpV4PY7

Cooperação científica de alcance global

A importância da Mata Ciliar ultrapassa fronteiras. O Dr. Swanson mantém colaborações científicas históricas com a associação, especialmente em pesquisas sobre reprodução assistida e preservação genética de felinos neotropicais, como jaguatiricas, jaguarundis e onças-pintadas. A parceria contribuiu para o avanço de estudos internacionais sobre inseminação artificial, fertilização in vitro e criopreservação de sêmen e embriões, colocando Jundiaí no mapa global da conservação da fauna.

Reconhecida por sua atuação técnica e científica, a Associação Mata Ciliar já atendeu mais de 32 mil animais silvestres desde 1987, consolidando-se como um centro de excelência nacional em conservação e reabilitação de fauna.

Décadas de trabalho em risco

Desde 1997, a Mata Ciliar ocupa uma área de 33 hectares ao lado do Aeroporto Comandante Rolim Adolfo Amaro, onde mantém dois centros de referência: o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e o Centro Brasileiro para Conservação dos Felinos Neotropicais. Mais de 1.500 animais recebem ali atendimento especializado, incluindo espécies ameaçadas como a onça-pintada e o lobo-guará.

A permanência da instituição, porém, está sob risco por conta de uma ação movida pela concessionária Rede VOA, que administra o aeroporto desde 2017 e reivindica 2,98 hectares do terreno. A empresa alega que a presença de animais poderia atrair aves e comprometer a segurança aérea, enquanto a ONG contesta a ausência de delimitação oficial da área e alega falta de comprovação da posse pela concessionária. A Justiça já negou o pedido liminar de reintegração de posse, e o processo segue em andamento.

gestores da ONG apontam que a transferência da estrutura para outro local, como a Serra do Japi, é inviável. A ssociação já investiu mais de R$ 25 milhões ao longo de três décadas em instalações laboratoriais, clínicas veterinárias e recintos especializados. Uma mudança forçada, alertam, significaria um retrocesso na pesquisa, na reabilitação animal e na educação ambiental.