Mata Ciliar Vigília

A ativista Luisa Mell, conhecida pela defesa do meio ambiente e da causa animal, esteve em Jundiaí nesta terça (18) para dar apoio à Associação Mata Ciliar. Ela publicou um vídeo na conta do Instagram, que tem quase 4 milhões de seguidores, anunciando que estava na Prefeitura e que havia conseguido uma reunião com o prefeito Luiz Fernando Machado (PSDB).

O encontro foi possível graças à intervenção do deputado estadual Bruno Ganem (Podemos), que também esteve no Paço Municipal. Ambos foram marcados por leitores na publicação do Tribuna de Jundiaí sobre a decisão da VOA-SP de exigir a desocupação da área onde funciona a Mata Ciliar.

“Vim pessoalmente para ver a história, só que aí o Bruno conseguiu que o prefeito nos atendesse”, disse Luisa Mell, no stories do Instagram. No vídeo ela também aparece com ativistas que estão em vigília na área onde a VOA-SP executa obras – próximo ao recinto da Mata Ciliar onde ficam os animais silvestres em recuperação.

Ela confirmou que a reunião com Luiz Fernando foi positiva e que um novo encontro deve ser realizado em breve.

Publicação feita pela Ativista Luísa Mell em Jundiaí, nesta terça (Reprodução/Instagram)

Ouvido pelo Tribuna de Jundiaí, o deputado Bruno Ganem disse que ficou preocupado com a situação da Mata Ciliar, mas que saiu satisfeito do encontro com o prefeito. “Ele nos disse que vai assumir o protagonismo nessa situação para viabilizar que a Mata Ciliar possa ir para um outro local e que estão disponíveis áreas públicas do município para isso, com concessão de 99 anos. Fiquei satisfeito, também, porque ele nos disse que quer resolver essa situação, que quer deixar um legado para Jundiaí e para a Mata Ciliar neste governo”, destacou.

Ganem disse ainda que uma nova reunião está marcada para a próxima sexta (21), às 11h, em Jundiaí, com representantes do Executivo local e estadual, Ministério Público, responsáveis pela empresa e integrantes da Mata Ciliar.

Aeroporto tem plano de expansão para área ocupada pela Mata Ciliar (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Por nota, a Prefeitura de Jundiaí informou que “entende que o prazo de 48 horas concedido pela VOA-SP para a Mata Ciliar remover os recintos que estão instalados na gleba C, que faz parte da concessão do Aeroporto Comandante Rolim Amaro (outorgada em 2016), não é factível de ser executado e deve ser revisto pela concessionária”.

Ainda no comunicado, afirmou que “está à disposição para participar desta importante discussão com a Mata Ciliar, Voa-SP, Governo do Estado de São Paulo, Ministério Público e outras instituições em busca de soluções duradouras e permanentes para a política pública de preservação da fauna da nossa região e da sustentabilidade das ações ambientais desenvolvidas em nosso território”.

Ignorar prazo

Junto com ativistas que fazem vigília em frente à área reivindicada pela VOA-SP, o presidente da Mata Ciliar, Jorge Bellix de Campos, disse no final da tarde desta terça (18) que não vai cumprir o prazo de 48 horas (que se encerra amanhã, dia 19) para desocupar a área. “Nossa vontade é de sentar e discutir alternativas para essa situação de uma maneira mais respeitosa, não como foi feito”, declarou.

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Ele disse que já ouviu rumores de que novas áreas para instalação da Mata Ciliar serão oferecidas, mas que tudo precisa ser analisado por conta da complexidade da operação. “Precisamos saber onde são essas áreas e se é possível a instalação, até porque temos mais de 2 mil animais aqui e ainda recebemos 30 novos todos os dias”.

Ativistas permanecem em revezamento em frente à VOA-SP: vigília (Foto: Tribuna de Jundiaí)

Sobre as tratativas com a concessionária, ele confirmou que houve uma reunião em 2019, mas que não havia naquela época as definições de área. “Soubemos ontem (17), quando a notificação chegou”, revelou. “O decreto que alegam dar posse á área para o aeroporto é de 1998, mas estamos aqui desde 1995. Vamos manter a mobilização até em respeito ao apoio que estamos recebendo e ir nos revezando aqui até uma definição”.

Entenda

A VOA-SP, concessionária do aeroporto de Jundiaí, anunciou segunda (17) ter solicitado a devolução da área onde hoje funciona a Associação Mata Ciliar. A notificação extrajudicial da empresa informa que a ONG ocupa “irregularmente” uma área de 2,98 hectares, dentro do terreno que pertence à concessão.

Numa nota oficial, a VOA-SP diz ainda que sugeriu à Mata Ciliar uma permuta de área, além do custeio de “todas as obras necessárias de mudança e construção de novos viveiros”.