
O incêndio que atingiu o Morro da Baleia em abril deste ano mobilizou moradores, ciclistas e ativistas para ações de reflorestamento e proteção ao local. Situado em Jundiaí, o morro é parte da Serra do Japi e um importante ponto turístico da cidade. Vítima frequente de queimadas, o Morro da Baleia despertou um movimento de preservação que une a comunidade em prol do meio ambiente.
O incêndio, ocorrido em 26 de abril, foi o estopim para que moradores decidissem agir em defesa do Morro da Baleia. Letícia Maria Pereira, ativista ambiental do Coletivo Japy, explica que essa área da Serra do Japi é frequentemente negligenciada pelos órgãos públicos, o que levou a comunidade a tomar a iniciativa.
“Meus pais contam que lembram de fazer piquenique e caminhada lá. A mata era bem mais preservada antigamente, tinha uma variedade de espécies de animais. Hoje, tenho registros de poucos animais avistados lá, geralmente, tatus, cachorros-do-mato e algumas espécies de aves.”
Durante o incêndio de abril, moradores tentaram conter as chamas, marcando o início da união em prol do Morro da Baleia. No dia seguinte, o Coletivo Japy, junto com um brigadista voluntário da Defesa Civil de Várzea Paulista, realizou o rescaldo da área. Desde então, o grupo monitora a devastação causada pelo fogo e desenvolveu um projeto para a recuperação ambiental.
A Promotoria de Justiça de Jundiaí abriu um procedimento para investigar as políticas públicas de prevenção e combate a incêndios na região. A prefeitura, a Polícia Ambiental e o Corpo de Bombeiros têm 20 dias para responder às indagações.

Plantio de árvores nativas
Desde abril, o Coletivo Japy plantou cerca de 100 mudas de árvores nativas. O projeto não possui uma meta definida de plantio, pois depende de doações para prosseguir com o reflorestamento. “A meta mesmo é incentivar as pessoas a cuidar do local e evitar futuras queimadas”, afirma Letícia.
Além de promover o equilíbrio ecológico, o plantio contribui para a segurança hídrica da região. “O Morro da Baleia é uma importante área para a recarga hídrica da Bacia do Rio Guapeva”, destaca.
Colaboração de ciclistas e comunidade
O Coletivo Japy se uniu a moradores e ciclistas que utilizam o local para esportes. Um desses ciclistas é Dagoberto de Melo, que mora em frente ao morro desde a infância e viu o local ser atingido por incêndios diversas vezes. Com o objetivo de reduzir as ocorrências, ele mobilizou o projeto “Gerando Bikers” para restaurar a trilha conhecida como “trilha do Magayver”, usada há 20 anos.
Além da manutenção das trilhas, o grupo decidiu criar aceiros, faixas de terra sem vegetação que servem como barreiras naturais contra o avanço das chamas. “Os aceiros ajudam a conter o avanço dos focos de incêndio, funcionando como barreiras para que o fogo não se alastre”, explica Dagoberto. Letícia acrescenta que essas medidas protegem a vegetação, cercas, redes elétricas e até residências próximas.
Letícia também critica a falta de atuação eficaz dos órgãos públicos, que poderiam reduzir os incêndios através de fiscalização e penalização dos responsáveis. Ela ressalta a importância de autuar empresas e pessoas que não fazem a manutenção preventiva de suas propriedades.
Segundo a prefeitura, o Morro da Baleia está localizado na Zona de Conservação Ambiental da Malota, dentro do Território de Gestão da Serra do Japi. A área é fiscalizada pela Divisão Florestal da Guarda Municipal e o Departamento de Meio Ambiente, que atuam contra queimadas, descarte irregular de lixo, caça e ocupação irregular.
Visão para o futuro
Dagoberto destaca que o movimento, iniciado de forma tímida, ganhou força e hoje visa não apenas proteger o morro, mas também transformá-lo em um espaço educativo. “Podemos montar uma ação educativa sobre a fauna e flora do morro. Ali pode ser a primeira entrada para a Serra do Japi”, sugere o ciclista.
Para Letícia, o objetivo é transformar o Morro da Baleia em um centro de educação ambiental e ecoturismo consciente, destacando a importância da preservação contínua do meio ambiente.
Características do Morro da Baleia
Com aproximadamente 348 hectares, o Morro da Baleia é composto por fragmentos de Mata Atlântica, eucaliptos e gramíneas exóticas, além de um solo litólico, caracterizado por ser raso e pouco desenvolvido. O nome do morro deriva de uma pedra com rachaduras que se assemelham a uma baleia com a boca aberta.
*Com informações do G1/TVTem.
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