Matheus Antônio Alves, 17 anos, teve 6 órgãos doados após morte;
Foto: Arquivo pessoal

A família de Matheus Antônio Alves, de 17 anos, autorizou a doação dos órgãos do jovem depois do diagnóstico de morte encefálica no Hospital São Vicente de Paulo na sexta-feira (25). Neste domingo, é comemorado o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e o pai do rapaz, Evandro Luiz, falou sobre a decisão de doar os órgãos do filho para transplantes.

De acordo com Evandro, o filho era educado e gostava de ajudar pessoas. “Meu filho tinha um coração bom, não tinha tempo ruim para ele. Me coloquei no lugar de outra família. Fico feliz, mesmo nesse momento de tristeza, porque uma parte dele continua nessa Terra.”

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Queda

O pai também falou sobre a morte do filho, em entrevista para o G1. Segundo ele, Matheus estava na casa de uma prima, em Campo Limpo Paulista, quanto acabou dormindo em uma escada. O rapaz acabou caindo de cerca de um metro e meio de altura e bateu a cabeça. Logo após, no domingo (20) de madrugada, Matheus foi sozinho até o hospital, a pé.

Na unidade, tiraram um Raio-X mas nada foi encontrado, então Matheus foi liberado e voltou a pé novamente para casa, às 3h da manhã. Porém, às 06h30, ele acordou e começou a perder os sentidos. “Deu convulsão, vomitou e escorreu sangue pelo nariz”, relatou o pai.

Ao saber que o filho estava passando mal, Evandro buscou Matheus e o levou novamente para o hospital. Assim que chegou, o jovem foi entubado e teve que ser transferido para o Hospital São Vicente de Paulo, em Jundiaí.

“Deu coágulo no cérebro, pressionou muito. O médico falou para mim que têm pacientes que, na hora que eles tiram a pressão no cérebro, eles já respondem. Pela norma, tiveram 72 horas para confirmar”, conta. No dia 23 de setembro, três dias depois do acidente, foi constatada morte cerebral.

Após receber a notícia da morte de Matheus, a família recebeu atendimento de um psicólogo antes da autorização da doação de órgãos. A cirurgia de remoção durou cerca de sete horas, de acordo com a Comissão Intra Hospitalar de Transplantes do Hospital São Vicente.

“E se meu filho estivesse precisando de um órgão e houvesse essa possibilidade? Deus é perfeito. Como ele (Matheus) teve um coração bom, pôde ajudar outras 11 vidas, segundo os médicos”, finaliza Evandro.

Uma das pessoas beneficiadas com a ação foi a técnica de enfermagem de 25 anos, Luane Caroline Grotto, de Indaiatuba. Luane foi diagnosticada com bronquiectasia e na sexta-feira (25) recebeu o pulmão de Matheus, depois de uma força-tarefa do hospital São Vicente com a Polícia Militar. A paciente aguardava na fila de transplante há cerca de dois anos.

Um levantamento do Ministério da Saúde mostra que até o fim de julho deste ano, 46.181 pacientes aguardavam por um transplante no país.