
O caminhão é grande, mas nem tanto. Os 750 presentes e 560 panetones dividem o espaço com um trenó encantado. “Ainda precisa caber o Papai Noel”, grita um dos guardas municipais que ajuda a içar as caixas.
A sexta-feira 13, conhecida pelas histórias de terror, hoje, deixa de ter todo o significado obscuro: o presente de Natal está chegando adiantado a crianças de bairros carentes de Jundiaí.
Às 13h, a Guarda Municipal (GM) começa a preparar os carros. “Pelo menos 500 presentes foram comprados pela GM com a ajuda de todos os membros da corporação. Parte veio da Associação Um Só Coração e parte das doações da Base Móvel, no Centro”, destaca o GM Matenauer, quem define o roteiro do caminhão.
Com a ajuda das três empresas Emulzint, Adimix e Pão D’oro, os panetones também serão entregues às famílias.
Subindo as escadas para tomar seu lugar na carroceria, o bom velhinho. A roupa vermelha provavelmente ficou no guarda-roupa, assim como a farda que o GM Da Matta utiliza todos os dias como membro do Centro Seguro. “Você já viu um Papai Noel vestindo azul?”, brinca ele, tentando achar um espaço entre a barba e o bigode grisalhos.
Não poderia ser diferente. Hoje é Natal da Família Azul Marinho.
Pé na Estrada
A saída da base da Guarda Municipal é marcada por muita expectativa.
“Nós estamos presenteando nós mesmos. Enquanto você tiver a possibilidade de estender ao outro, você está ajudando a si mesmo. Essa é a tônica da vida”, diz o GM Da Matta que pela primeira vez será Papai Noel.
Caminhão pronto, é hora de colocar o pé na estrada.
Sons de sirenes e músicas de Natal preenchem o ambiente. O trânsito vai sendo contido pelos guardas do Apoio Tático Motorizado e os motoristas jundiaienses aproveitam e entram no ritmo com um buzinaço coletivo.
Na entrada do Jardim Fepasa, primeiro bairro onde os presentes serão entregues, um grupo de crianças já espera ansioso pela chegada do caminhão.
Até o escadão, ponto de parada de toda a comitiva, doces voam do caminhão direto para as mãos de meninos e meninas que saíram de casa curiosos com todo o barulho.
Já não são uma ou duas, agora dezenas de crianças correm atrás do Caminhão Encantado acenando para o bom velhinho e para as guardas que o ajudam na missão.

“Façam fila”
Ninguém escuta os guardas pedindo para que as filas se formem. A agitação é tanta que, quanto mais perto do caminhão cada um chegar, melhor. “Tem presente para todo mundo”, garante o Papai Noel. Mas nem os mais pequenos pagam para ver.
A desordem é compreensível. Ariane Ferreira Mendes Soares, mãe do pequeno Heitor de 8 meses, diz que este é o primeiro Papai Noel que visita o bairro neste ano. “Aqui tem muitas crianças carentes, crianças que precisam de roupas, brinquedos e até de atenção”.
Heitor já está com o seu carrinho na mão e não solta nem quando a câmera fotográfica desperta sua curiosidade.

Mais carrinhos, bolas e bonecas vão colorindo o ambiente.
As crianças que pegam o embrulho seguem para a lateral do caminhão e ganham panetone e lanche. Pouco a pouco, a rua já interditada vai se tornando um espaço de piquenique e brincadeira.
“A nossa ideia é fazer com que a população nos veja e entenda a Guarda dessa forma: uma guarda presente e comunitária. Além do trabalho que desenvolvemos como força de segurança auxiliar, o nosso grupo também tem um papel social muito importante”, afirma o comandante Benedito Marcos Moreno.

Família Azul Marinho
Não sabemos quem foi o primeiro a chamar a Guarda Municipal de Jundiaí de “Família Azul Marinho”, mas nesta tarde, o nome nunca caiu tão bem.
Homens e mulheres fardados trabalharam em equipe desde o horário do almoço. Carregaram caixas, encorajaram o Papai Noel, celebraram juntos o último presente entregue no Jardim Fepasa e comemoraram ainda mais quando souberam que o bom velhinho havia sido promovido a sub-inspetor.
Com a sensação de dever cumprido, eles entraram nas viaturas e partiram para o Jardim Sorocabana para fazer a alegria de mais meninos e meninas.
Neste Natal, ser criança e ser família fizeram ainda mais sentido.


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