A seriedade por trás do trabalho do Papai Noel de Jundiaí
Foto: Tribuna de Jundiaí

Marco Aurélio Silvestre se dedica a um trabalho que encanta milhares de pessoas todo final de ano: ele é Papai Noel de Jundiaí. Ao Tribuna de Jundiaí, Marco explica que esse trabalho exige mais do que apenas vestir uma fantasia vermelha e colocar um gorro.

Com uma trajetória que começou por acaso, ele reflete sobre os desafios e a seriedade de encarnar o personagem que representa a magia do Natal para tantas crianças. “É muita responsabilidade. Eu ouço muito ‘é fácil, vai ficar lá no shopping sentado’. Não é nada fácil, é uma coisa muito séria na verdade. Porque a gente mexe com a criança, naquela fase que ela está em crescimento. Então qualquer gesto, qualquer palavra que você falar pode causar um trauma na criança. Você tem que saber direitinho como lidar. Tem crianças que vem numa boa, tem crianças que já são mais reprimidas, tem aquele medo. Tudo isso a gente que faz Papai Noel tem que respeitar”, explica.

A transição de engenheiro para Papai Noel de Jundiaí

Marco é engenheiro de formação e trabalhou por muitos anos na área. Porém, como acontece com muitos profissionais, chegou um momento em que o mercado começou a oferecer menos oportunidades devido à sua idade. Foi então que uma ideia inesperada surgiu e mudou sua vida.

“Já fazia Papai Noel para minha filha quando ela era pequena, mas nada profissional, era uma coisa bem brincando mesmo. Quando eu fiquei desempregado [em um mês de novembro], eu falei ‘Poxa vida, será que eu vou voltar a trabalhar? Só lá pra fevereiro, março’. E aí teve uma pessoa que falou para mim: ‘Você já pensou em fazer Papai Noel?’”

A partir de uma simples publicação no Facebook usando uma fantasia que ele mesmo comprou, as portas começaram a se abrir. “Logo um pequeno shopping de Cotia me chamou. Uma agência também começou a me chamar para fazer eventos no dia 24 de dezembro e fui começando assim devagarzinho, fui deixando a barba crescer mais e foi tudo dando [certo] direitinho.”

A profissão de Papai Noel o ano inteiro

O que começou como uma solução temporária acabou se transformando em uma verdadeira profissão. Marco agora vive a rotina de Papai Noel de Jundiaí e engana-se quem pensa que o trabalho é só em dezembro. “Eu sou o Papai Noel o ano inteiro, tem evento [que] as pessoas chamam em Janeiro, importadoras de produtos de Natal que já têm o Natal antecipado do próximo ano e acabam me chamando para fazer divulgação. Em Maio tem a feira de Natal em São Paulo, todo ano são quatro dias de feira e nós vamos para lá fazer o personagem. Em Junho eu já abro a agenda para fotógrafos e para eventos do dia 24 de dezembro. Então acaba sendo o ano inteiro.”

Apesar disso, ele explica que a profissão, sozinha, não sustenta todas as suas despesas. “Atualmente eu sou motorista de aplicativo, então isso também é um fato que acaba me ajudando durante o ano.”

Comportamento dentro e fora do personagem

Marco sabe que ser Papai Noel de Jundiaí não é uma função que se limita a eventos ou sessões de fotos. Ele vive o personagem em sua rotina, mantendo cuidados que preservam a imagem e a magia do bom velhinho.

“O ano inteiro tem que se policiar com relação à bebida alcoólica. Eu não sou de beber, não fumo, mas sempre vai ter uma criança te observando. Você tem que sempre pensar que por mais que você pare num restaurante, numa mesa de canto escondida, pode ser que a criança esteja numa outra mesa te olhando.”

Momentos inesperados também fazem parte do dia a dia de quem leva a figura de Papai Noel tão a sério. “Teve um caso uma vez no trânsito mesmo que a pessoa acabou me fechando, né? E chegou no semáforo nós paramos lado a lado e os dois com vidro aberto. Ele olhou para mim e eu olhei para ele e eu falei para ele: ‘Se você continuar assim, você não vai ganhar presente no final do ano’”. O motorista caiu na risada e pediu desculpas.

Um trabalho que vai além da fantasia

Marco encontrou no trabalho como Papai Noel de Jundiaí não apenas uma profissão, mas também uma missão. Para ele, representar o personagem é uma forma de tocar a vida das crianças com responsabilidade e cuidado. Cada sorriso e cada olhar brilhante são recompensas para um trabalho que ele leva com o coração.

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