Pai foi o grande mentor do esporte na vida de Lucas. Três dias depois de colocar a prótese, ele colocou o capacete e partiu para as estradas de terra.  (Foto: Lucas Dafre Pupo/Arquivo pessoal)
Pai foi o grande mentor do esporte na vida de Lucas. Três dias depois de colocar a prótese, ele colocou o capacete e partiu para as estradas de terra. (Foto: Lucas Dafre Pupo/Arquivo pessoal)

Coragem e amor marcam a história do jundiaiense Lucas Dafre Pupo no esporte. Hoje, aos 28 anos, ele é paratleta amador de mountain bike e tem se destacado em provas por todo o Brasil, a última, realizada em Mariana (MG), Lucas pedalou por mais 100 km e conseguiu a quarta melhor classificação.

Seria clichê dizer que essa paixão pelos pedais é antiga, mas nem sempre foi assim.

Durante a adolescência, não muito diferente dos amigos da sua idade, Lucas tinha o futebol como primeiro amor. A bike ficava guardada para um passeio ou outro, mas nada que despertasse a atenção.

“Em 2013, aos 21 anos de idade, eu sofri um acidente de carro. Lutei muito para não perder as minhas pernas, passei por 15 cirurgias, consegui recuperar uma, mas por causa da outra, precisaria usar a muleta para o resto da vida”, relembra Lucas.

Coragem

A muleta seria uma opção permanente para que ele conseguisse ter mobilidade. Mas ele se recusou. “Eu optei por amputar a perna e tentar me adaptar com a prótese”, explica.

Quase dois anos depois do acidente, ele enfrentou mais uma cirurgia, desta vez para amputar a perna.

Amor

“Eu coloquei a prótese e depois de três dias, meu pai me chamou para pedalar. Ele foi o primeiro a me apresentar a bicicleta depois da minha cirurgia e tudo isso foi muito marcante para mim. Lembro como se fosse hoje, pois era um dia antes do aniversário dele”.

No ano seguinte, Lucas competiu sua primeira prova de mountain bike. “Eu fui muito guiado, quando pedalava em grupo, nunca fui deixado para trás”, fala Lucas explicando de onde surgiu o amor pelo esporte.

E o amor gerou frutos.

Nos últimos 13, 14 e 15 de setembro, Lucas disputou uma das principais competições da modalidade no Brasil, a “Iron Biker” em Mariana (MG). O jovem paratleta pedalou por mais 100 km em dois dias de prova e cravou 5 horas e 42 minutos, na quarta classificação.

[tdj-leia-tambem]

Buscando por patrocínio, ele espera superar ainda mais os seus limites no próximo ano. “Estou me preparando para encarar a “Brasil Ride”, uma das provas mais extensas da modalidade no mundo. São sete dias e aproximadamente 600 km de prova. É uma competição bem cara, por isso estou procurando por alguma parceria”, ressalta Lucas.

Outra felicidade que Lucas ostenta tem nome e sobrenome. O pequeno Eduardo, de um ano e três meses, é o seu primeiro filho e, mesmo tão novo, já acompanha o pai nos passeios de bicicleta. “Eu coloco ele na cadeirinha da bike e vamos pedalar juntos no Parque da Cidade”, brinca Lucas.

Eduardo representa uma segunda dose de amor na vida de Lucas. “Assim como meu pai me apresentou a bicicleta, eu quero apresentar ao meu filho”. São lições do esporte e também de vida, que passam de geração em geração.

 

Lucas e seu filho Eduardo, de um ano e três meses, em Jundiaí. (Foto: Lucas Dafre Pupo/Arquivo pessoal)