
A Associação Mata Ciliar, em Jundiaí, realiza um projeto de reprodução assistida de animais em risco de extinção e, em uma das etapas, uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos participaram do procedimento.
O animal inseminado foi a jaguatirica Lua, que além disso, foi o primeiro animal silvestre nascido da mesma técnica na América Latina, há 14 anos. Lua foi a quarta fêmea de jaguatirica inseminada com a técnica e, daqui um mês, será possível saber se ela está prenha.
“Ela já deu um nascimento naturalmente, então já provou que pode ser mãe apesar de ter nascido de uma transferência de embrião. Ela ainda vai atender uma inseminação artificial”, explicou Cristina Harumi, coordenadora da Mata Ciliar.
Participação especial
O procedimento de reprodução assistida foi realizado na Mata Ciliar e contou com a ajuda de três especialistas do Zoológico de Cincinnati, que fica no estado de Ohio, nos Estados Unidos.
Willian Swanson, especialista em reprodução de animais, estuda a reprodução de animais ameaçados no mundo há anos e lidera a equipe norte americana. Swanson explica que o método usa sêmen congelado de uma região e leva para outra região para fazer a diversidade genética. Com isso, é evitado o caso de “parentes gerando parentes”.
“Quando animais da mesma família acasalam, geram descendentes com problemas genéticos e de saúde”, explica.
Técnica replicada
A pesquisa de reprodução assistida de animais em risco de extinção acontece há muito tempo. Os especialistas dos Estados Unidos vêm ao Brasil uma vez por ano, há mais de 20 anos.
O procedimento dura em média duas horas e meia. Além disso, o projeto ainda tem a participação da Universidade Federal do Mato Grosso. A veterinária Regina Paz é professora da unidade e acompanhou a técnica, que poderá ser replicada.
A expectativa é que, em breve, possam aplicar a técnica de inseminação artificial em animais de vida livre, como as jaguatiricas da Serra do Japi, em Jundiaí, e nas onças do Pantanal, enriquecendo geneticamente as populações de animais ameaçados de extinção.
“Cada vez que eles vêm a gente acaba aprendendo algo mais e pode aplicar essas novas tecnologias nos projetos aqui no Brasil”, conta Paz. “Já provamos que deu certo, e agora vindo para a vida livre, que é o segundo momento do projeto, significa que a diversidade genética pode ser oferecida com tudo que a gente está vendo de destruição dos habitats desses animais. Então, existe um pontinha de esperança para que esses animais não definhem por falta de espécimes e, sim, possam ser enriquecidos através dessa técnica”, finaliza Cristina em entrevista ao G1.
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