
Um projeto de Jundiaí venceu uma das categorias da 11ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz (OBSMA). O projeto, desenvolvido por alunos do ensino médio, em parceria com educadores, foi o melhor da região sudeste no quesito produção de texto, e agora compete para ser número um do Brasil.
Ele discute os impactos que a fast fashion (moda rápida) tem ao gerar mão-de-obra escrava e negligência na poluição ambiental, por exemplo.
“Tenho certeza que o nosso trabalho é um destaque, sendo vencedor ou não da fase nacional”, afirma Luccas Zilligi, professor de biologia e um dos orientadores que deram vida ao projeto campeão da região, “Fast Fashion: o lado feio da moda”.
“Confio muito no que a gente criou, em todo o cuidado, capricho, ensinamento e planejamento. É um tema atual e pouco discutido, apesar da sua importância. As linguagens que utilizamos são impactantes com manifestos e artes. Não tenho dúvida do poder transformador”, ressalta.

A final da OBSMA será realizada entre os dias 6 e 9 de novembro, na sede da Fiocruz, na cidade do Rio de Janeiro. Esta etapa vai reunir 36 trabalhos finalistas, com representantes de todas as regiões do país e uma comissão julgadora formada por profissionais de áreas científicas.
“Fico muito feliz em ver os alunos motivados e ver que a ciência ilumina, que ela traz questionamentos. Tenho certeza que eles serão outros cidadãos, indivíduos que têm uma voz para além deste projeto”, diz Luccas.
Moda e meio ambiente em questão
Desenvolvido ao longo de três meses em reuniões semanais, o projeto “Fast Fashion: o lado feio da moda” fez uma reflexão minuciosa – com base em dados científicos – sobre a indústria da moda e as problemáticas ocasionadas no meio ambiente, sociedade e saúde mental.
Como resultado de pesquisas e discussões de ideias, o grupo, com orientações dos professores de Jundiaí Luccas e Renata Roveri, fez um livro interativo para simbolizar o tema dos efeitos acarretados pela moda com expressões artísticas provocantes.
“Uma delas é uma página com um espelho partido, no qual as pessoas se veem deformadas, com a mensagem ‘A moda distorce'”.
Luccas analisa que a moda é fator de inclusão e exclusão de pessoas e que uma das intenções do trabalho é fazer o público se chocar: “não existe isso de que só quem está na moda é legal e descolado e quem não é está fora”.
“Muitas pessoas que compram uma peça de roupa não pensam na cadeia de produção por trás daquela peça. E a fast fashion toca muito no lado social. Se você está pagando R$ 20 em uma blusinha de loja internacional, é bem possível que tenha alguém com trabalho análogo à escravidão no meio para você poder pagar esse preço”, contextualiza Luccas sobre as reflexões da moda.
“Duvido que os alunos que participaram do projeto vão ter o mesmo padrão de consumo que eles tinham antes. Plantando sementes de consciência ecológica desde cedo, a gente cria cidadãos que entendem a importância vital do meio ambiente”, completa o educador.
Luccas participou da 9ª e da 10ª edições das Olimpíadas como orientador de projetos em outras escolas e venceu nas duas vezes. À frente pela primeira vez na competição da Fiocruz com o colégio de Jundiaí, o professor afirma que valoriza a Olimpíada por ela não reconhecer o aluno apenas pela habilidade técnica.
Luccas relembra que, ao apresentar a ideia para os alunos de Jundiaí, explicou que o projeto iria ser feito coletivamente. “Eu disse que a gente ia precisar fazer discussões, expor nossas ideias, ouvir a opinião dos outros. E juntei alunos comunicativos, organizados, pontuais. Cada um contribuiu com o que mais podia”.
[tdj-leia-tambem]
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		