Queimadas Defesa Civil
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Satélites capturaram 1.363 frentes de fogo em áreas de vegetação em agosto deste ano, conforme divulgado pelo Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A região de Jundiaí e Sorocaba contabilizou uma média de 45 focos de queimada por dia, com o mês registrando quase dois incêndios por hora.

Desde janeiro, foram identificados 3.658 focos de incêndio em áreas de mato, um aumento de 99,6% em relação ao ano anterior. Isso equivale a quase dois incêndios por hora ao longo do ano.

Os dados foram obtidos por 11 satélites, que variam na captação de áreas entre 375 metros quadrados e quatro quilômetros quadrados. Devido a essa variação, cada foco de calor detectado pode representar uma ou mais queimadas. Em casos de frentes de fogo maiores, é possível que elas sejam captadas por mais de um satélite, multiplicando a contagem de focos.

Aumento de queimadas em São Paulo

O estado de São Paulo registrou 121.322 queimadas desde o início de 2024, sendo que 72.616 dessas ocorreram apenas em agosto, mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, que teve 36.476 incêndios detectados pelos satélites.

Além disso, o Inpe alerta que há algumas limitações na detecção de queimadas pelos satélites. Eles não detectam:

  • Queimadas com menos de 30 metros;
  • Focos em solo de florestas densas, sem atingir as copas das árvores;
  • Nuvens que cobrem a região;
  • Incêndios de curta duração;
  • Fogo em encostas de montanhas para as quais o satélite não está apontado.

O Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) alerta que o Brasil enfrenta a maior seca registrada desde 1950, afetando 641 dos 645 municípios paulistas. As condições no estado são severas:

  • Seca severa: 272 municípios;
  • Seca moderada: 234 municípios;
  • Seca extrema: 82 municípios;
  • Seca fraca: 53 municípios.

Área de vegetação queimada

De acordo com o Programa Queimadas, estima-se que mais de 113 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa tenham sido destruídos entre janeiro e julho de 2024 em todo o Brasil. Essa área equivale a 15,8 mil campos de futebol.

Em apenas quatro dias de setembro, foram registrados 25 focos de queimadas na cidade de Sorocaba, e a situação pode piorar. Especialistas advertem que eventos extremos, como secas e queimadas, serão cada vez mais frequentes.

Fatores que contribuem para a seca

A seca severa no Brasil é explicada por uma combinação de fatores climáticos:

  1. El Niño: O fenômeno aqueceu o Oceano Pacífico, elevando as temperaturas no Brasil e alterando os padrões de chuva.
  2. Bloqueios atmosféricos: Impediram que frentes frias chegassem ao país, prolongando a seca.
  3. Aquecimento do Atlântico Tropical Norte: Esse aquecimento tem alterado os padrões de chuva e agravado a seca iniciada em 2023.

A combinação desses fenômenos prolongou a seca por todo o país, resultando em um período de extrema estiagem, com graves impactos ambientais e sociais.

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