Irmãos de Jundiaí
Foto: Arquivo Pessoal/Wilson Viotto

Já ouviu aquele ditado: “Para o meu irmão eu não empresto meu carregador, mas doaria um rim”? Para alguns essa frase é mais verdadeira que para outros, literalmente. Wilson (64) recebeu de sua irmã Lucimara (54), o melhor presente de todos: uma nova chance. Conheça a história.

Wilson contou ao Tribuna de Jundiaí que, por volta de 2009, era obeso e tinha a pressão arterial alta e diabetes, além de outros problemas no sangue. Assim, em 2010, se consultou com um médico, indicado por um amigo que tinha os problemas parecidos.

Esse amigo passou pelo procedimento de redução de estômago, e o médico aconselhou Wilson a fazer o mesmo. No entanto, pós cirúrgico estava longe de ser tranquilo. “Logo após a cirurgia, sofri uma hemorragia que adiantou o processo de perda dos rins.”

Homem fazendo hemodiálise
Foto: Arquivo Pessoal/Lucimara Viotto

A partir daí, Wilson iniciou a hemodiálise e se informar mais sobre os procedimentos para o transplante de rim. “Ele estava sofrendo bastante, e aí surgiu a ideia do transplante”, explica Lucimara. “Nós fomos para São Paulo, no [hospital] Eistein, que fazia [a cirurgia] pelo SU, inclusive, e fomos fazendo os testes de compatibilidade: eu, minha irmã, uma amiga do meu irmão e da minha cunhada.”

Compatibilidade e irmandade

Lucimara contou que, a princípio, o rim de sua irmã era mais compatível com Wilson. No entanto, a outra irmã tem uma anomalia no órgão, chamada “rim ferradura”, e não pode doar. “Eu era a segunda da lista, e decidimos fazer a cirurgia”, conta.

O processo não foi simples. Lucimara fez questão de saber tudo sobre o procedimento, e claro que houve um espacinho para o medo. Mas a ideia de devolver qualidade de vida para seu irmão mais velho prevaleceu.

“Medo, pela saúde no futuro, mas fui me informar, conversei com outros doadores, e vi que é super possível ter uma normal depois da doação. E depois de dez anos estou aqui, sem nenhum problema decorrente da doação do rim”, testemunha.

Homem e mulher em quarto de hospital
Foto: Arquivo Pessoal/Lucimara Viotto

Após o procedimento, Wilson ficou cerca de 10 dias sob uma medicação específica para cessar um processo de rejeição do rim. Mas, após 22 dias no hospital, ele finalmente voltou para casa e com o passar do tempo foi melhorando. “Hoje, apesar da medicação que eu tomo, levo uma vida normal.”

De irmão para irmão

Lucimara conta que, por Wilson ser 10 anos mais velho que ela, quando ela nasceu ele ficou enciumado, como qualquer irmão mais velho ficaria. Ainda assim, os irmãos explicam que na vida ficaram mais próximos, e ainda mais depois do transplante.

“Ele é uma pessoa fechada e não fala muito de sentimentos, mas na época que estávamos nos preparando para o transplante ele ficou bem mais próximo. E do jeitinho dele, sempre me acolhe. Ficamos mais próximos com certeza”, contou Lucimara.

Irmãos
Foto: Arquivo Pessoal/Lucimara Viotto

“A sensação que se tem quando a gente sabe da possibilidade de receber um bem como esse é indescritível, tanto no fato do bem que me fez como a preocupação de não dar certo e ela perder um rim”, disse Wilson.

De acordo com a irmã, é uma alegria enorme para toda a família ter Wilson bem e por perto, depois da preocupação de perdê-lo. Neste Dia do Irmão, ficamos felizes de trazer essa história de amor, cumplicidade e nova chance! Quem tem irmão sabe do bem danado que eles nos fazem, em escalas menores, como emprestando um carregador, ou monumentais, doando um rim.

Nós do Tribuna de Jundiaí desejamos à família Viotto muita saúde e anos de companheirismo!