A cada 40 segundos, uma pessoa morre no mundo vítima de suicídio.
A cada 40 segundos, uma pessoa morre no mundo vítima de suicídio.

Maria Cristina é voluntária e o seu trabalho é escutar. No Centro de Valorização da Vida (CVV), o seu papel pode até parecer banal, mas dar minutos de atenção em pleno século XXI é valioso como ouro  – e é o que pessoas que cogitam o suicídio mais precisam.

Por mês, o CVV recebe 1,8 mil ligações de pessoas que sentem dores difíceis de serem curadas em uma ida ao Pronto Socorro: são feridas na alma difíceis de cicatrizar. Esse número aumenta ainda mais quando os atendimentos por chat ou e-mail são levados em conta.

Maria Cristina conta que não existem cargos ou funcionários. Todos são voluntários treinados na ‘escutatória’, a prática da escuta atenta.

“Recebemos treinamentos para estimular que a pessoa entre em contato com os seus sentimentos e possa conversar sobre suas dores emocionais”, conta.

Durante o atendimento do CVV, não há qualquer encaminhamento, indicação de tratamento ou prescrição de conduta. “A escuta é sigilosa e compreensiva, sem julgamentos”, explica a voluntária.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio em algum lugar do planeta.

A média de mortes soma 800 mil por ano, número maior do que índices de homicídios ou morte por câncer de mama, por exemplo. Em Jundiaí, apenas em 2019, foram registrados 19 mortes deste tipo, com maior prevalência entre pessoas idosas e homens. O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Infantojuvenil também prestou atendimento a 798 jovens, 75 deles com queixas de tentativa de suicídio/autoagressão.

Alexandre Moreno Sandri, coordenador de Saúde Mental da Unidade de Gestão de Promoção da Saúde de Jundiaí,  diz que o assunto precisa ser abordado e aqueles que precisam, devem buscar ajuda.

“As pessoas com comportamento suicida podem ser acolhidas em qualquer ponto da Rede de Atenção. Os CAPS trabalham com ‘portas abertas’, ou seja, não há necessidade de encaminhamento, ou agendamento prévio para acolhimento no serviço”, comenta. Os CAPS atendem de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.

 

[tdj-leia-tambem]

 

Quebrando o silêncio

Para Maria Cristina, o suicídio tem múltiplas causas. Como uma doença grave que leva a morte, assim também acontece com doenças mentais graves. “Os pensamentos suicidas são mais frequentes em quadros depressivos graves, mas também ocorrem em outros transtornos mentais”, explica.

A discriminação, os estigmas e os preconceitos também são agravantes quando o assunto é a prevenção do suicídio. Por isso, falar sobre o tema é tão necessário.

Na próxima sexta-feira (13), às 19h, a Prefeitura Municipal de Jundiaí, em parceria com a Unidade de Gestão de Promoção da Saúde (UGPS) e o CVV promovem mais uma edição do Palco da Cidade, com o tema “Suicídio: As Dores da Alma”. Neste dia, diversos especialistas conversam sobre questões de saúde mental, depressão, sentimento de culpa, responsabilidade social e apoio emocional.

O evento acontece no Teatro Polytheama e a entrada é gratuita.

Ajuda

O CVV atende em todo o Brasil por telefone, e-mail ou chat 24h. Ligue 188 ou acesse CVV.ORG. Em Jundiaí, o cidadão que enfrenta problemas e precisa de ajuda, pode procurar por atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento do município, no Hospital Universitário, no Consultório na Rua (99825-8372), na Enfermaria de Retaguarda de Saúde Mental ou em algum dos CAPS (4521-1132 / Infância e Juventude: 4522-0672/ Álcool e outras Drogas: 4522-6898).