
O professor de Matemática da Escola Técnica Estadual (Etec) de Campo Limpo Paulista, André Antônio Zanatto, foi reconhecido como um dos melhores docentes do País ao conquistar a medalha de ouro na Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio do Brasil (OPMBr), promovida pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Como prêmio, ele embarca em 2026 para um intercâmbio acadêmico-cultural em Xangai, na China, por meio do programa Teacher Education Center Unesco (TEC Unesco). O objetivo é conhecer de perto as práticas educacionais chinesas, país que figura entre os líderes mundiais no Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA).
Segundo Zanatto, a competição valoriza metodologias criativas e resultados de alunos em olimpíadas. “Uma das iniciativas apresentada à comissão avaliadora da olimpíada foi o projeto Números do Setembro Amarelo, realizado junto com o professor de química, que motivou os alunos a pesquisar os números da depressão, ansiedade, suicídio e do combate às doenças mentais”, explica.
Outro destaque decisivo foram as seis medalhas conquistadas por seus alunos na OBMEP, entre 2023 e 2024, um dos fatores que somou pontos à premiação.
Metodologias criativas e impacto na formação dos alunos
A parceria interdisciplinar também foi reconhecida dentro da própria Etec. O professor de Química, Rodrigo Kimura, que participou do projeto Números do Setembro Amarelo, elogia o colega:
“Com dinâmicas criativas e interdisciplinares, ele vai além da aula tradicional e explora a matemática para resolver tanto problemas da disciplina quanto do cotidiano”.
A superintendente da Etec de Campo Limpo Paulista, Lúcia Helena Matioli, reforça o impacto do trabalho do docente na instituição. “Ele trabalha com muita vontade e explora diversos formatos em sala de aula, facilitando o aprendizado da matemática”, conclui.
OPMBr: competição nacional valoriza boas práticas no ensino da Matemática
Criada por engenheiros formados pelo ITA, a OPMBr chega à sua primeira edição com grande adesão: foram 1.208 professores inscritos, dos quais 81 receberam medalhas — 10 ouros, 9 pratas, 48 bronzes e 41 menções honrosas.
A avaliação ocorreu em três fases, incluindo questionário didático, análise de metodologias e resultados dos alunos em olimpíadas, além de uma entrevista com o comitê acadêmico.
Em sua segunda edição, realizada em 8 de novembro, também foram premiados outros 20 medalhistas de ouro. Entre eles, dois docentes do estado de São Paulo: André Antônio Zanatto (Jundiaí) e Wanessa Aparecida Trevisan de Lima (Poá).
Segundo os organizadores da OPMBr, “Na primeira edição, conseguimos levar os 10 professores da categoria ouro. Este ano, vamos levar 20. É uma oportunidade ímpar de imersão, aprendizado e troca de conhecimento. Nosso objetivo é reconhecer e valorizar iniciativas bem-sucedidas no ensino da Matemática em todo o País, de forma a disseminá-las, trabalhando para melhorar a qualidade do ensino da disciplina e, assim, contribuindo para alavancar a posição do Brasil no ranking mundial, a médio e longo prazo”.
Após a viagem, os medalhistas também participarão de workshops com professores de cidades selecionadas em parceria com o MEC.
O intercâmbio técnico e cultural ocorrerá em maio de 2026, com visita ao Centro de Educação para Professores da Unesco, localizado na Universidade Normal da China, em Xangai. A iniciativa pretende aproximar educadores brasileiros de práticas associadas ao alto desempenho da China no PISA.
Matemática para cuidar da saúde mental: um projeto que virou referência
No início de setembro, Zanatto desenvolve o projeto Os Números do Setembro Amarelo, que conecta Matemática e saúde emocional. Ele divide os alunos em grupos que pesquisam dados sobre depressão, ansiedade, suicídio e formas de combate aos transtornos mentais.
“Gosto muito de desenvolver esse projeto porque ele traz luz sobre um tema tão sério e importante. E mostra que a Matemática é infinita em suas possibilidades. Podemos utilizá-la, inclusive, em prol da saúde mental dos nossos adolescentes”, afirma.
A dinâmica inclui pesquisas no laboratório de informática, apresentações e debates. “É um momento rico, de muita troca e que é multidisciplinar”, diz Zanatto.
O método também reflete sua filosofia em sala de aula: “Trabalhamos defasagens, oferecemos preparação para as olímpiadas com alguns bons resultados, utilizamos as tecnologias e a criatividade para dar dinamismo às aulas e mudar a relação com a disciplina”.
Histórias de professores que transformam vidas
A OPMBr também destaca trajetórias como a de Wanessa Aparecida Trevisan de Lima, vencedora do ouro e professora do Instituto Federal de São Paulo. Sua história de superação inspira estudantes e colegas. Um dos trechos mais marcantes de seu relato é o desejo de transformar a relação dos alunos com a disciplina:
“Quero que os alunos compreendam a magia e as possibilidades da Matemática, e não que desistam por causa dela”.
Ao longo dos anos, ela superou dificuldades de base educacional, discriminação acadêmica e virou referência em diferentes níveis de ensino. “Recuperei as notas e terminei o curso com a melhor média histórica da turma, com notas acima de 9,0. Recebi, inclusive, uma Menção Honrosa, que emoldurei e fica na parede da minha casa”, conta.