Estudante de Várzea Paulista representará o Brasil em festival de filmes na Alemanha
Foto: Divulgação

Em 1º de junho, Letícia da Silva, aluna de Várzea Paulista embarca para a Alemanha para o encontro “À nous le cinema!”, em Frankfurt. O encontro reunirá estudantes, educadores e cineastas integrantes de organizações de 15 países, dedicadas à pedagogia do cinema e do audiovisual. Entre as presenças já confirmadas está o diretor alemão Win Wenders.

Letícia, da Escola Estadual Armando Dias, viajará junto com Talita Santos, estudante de Camaçari, na Bahia. Ambas representarão o Programa Imagens em Movimento (PIM). Neste ano, o PIM ministra oficinas de cinema em quatro escolas da rede pública de ensino em Várzea Paulista, em parceria com a empresa Elekeiroz. As ações acontecem nas escolas estaduais Armando Dias, Lavínia Ribeiro Aranha, Idoroti de Souza Alvarez e Irmã Maria de São Luiz. 

Os alunos da Escola Armando Dias criaram o filme “Vírus”. O projeto conta a história de uma família que se comunica apenas através de celulares, vivendo em silêncio. Ao assistir acontecimentos em suas vidas nos dispositivos, eles começam a questionar a realidade que estão vivendo. O filme aborda o impacto negativo do uso excessivo de tecnologia, revelando como isso pode afetar suas interações e experiências pessoais.

Estudante de Várzea Paulista representará o Brasil em festival de filmes na Alemanha
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Programa Imagens em Movimento

O Programa Imagens em Movimento é fruto de uma parceria pioneira na América Latina com uma rede de 16 organizações internacionais. O cineasta e professor francês Alain Bergala, referência mundial na pedagogia do cinema, fundou a chamada “Cinema, cem anos de juventude”. O projeto traz para o currículo escolar da rede pública brasileira a experiência crítica e criativa das artes, em oficinas gratuitas desenvolvidas no horário extracurricular.

“Esse projeto surgiu de um desejo que poderia ser considerado utópico, de colocar os estudantes de escolas públicas brasileiras em situação de igualdade com alunos de outros países como França, Alemanha ou o Japão. É claro que eles vivem realidades absolutamente distintas, inclusive no que diz respeito ao contexto da educação pública de cada lugar. Mas através da experiência criativa do cinema e do encontro com essa arte, tem sido possível, sim, realizar este sonho”, conta Ana Dillon, diretora do Programa Imagens em Movimento e fundadora da ONG Raiar.

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Projeto nacional

O programa nasceu no Rio de Janeiro em 2011. Mas, desde 2022, alcançou outras cidades: Camaçari (BA), Várzea Paulista (SP), Vitória (ES), Macaé e Duque de Caxias (RJ). Ainda de acordo com Ana, esse trabalho surge de um desejo de atuar em rede desde o princípio. “Então faz todo o sentido ver esta ação ganhando uma dimensão de rede também a nível nacional, criando trocas de experiências de vida através do cinema“.

Ao todo, cerca de 3 mil alunos e 200 educadores já se beneficiaram do programa ao longo de seus 12 anos de história. Assim, criaram mais de 200 filmes nas oficinas, oferecidas para grupos de 15 a 20 estudantes no contra turno escolar.

“A cada ano elaboramos de forma colaborativa uma metodologia de iniciação ao cinema, junto à rede de parceiros internacionais, e compartilhamos também os resultados destas propostas, em um grande intercâmbio de experiências culturais e audiovisuais. Além disso, o PIM desenvolve os seus próprios eixos temáticos que, neste 2023, muitos dos 21 filmes produzidos estão voltados à identidade, ao território, à cultura afro-brasileira e à questão de gênero”, explica a coordenadora geral Clarissa Nanchery.

Protagonismo

A pedagogia do PIM baseia-se no incentivo ao protagonismo das crianças e dos adolescentes ao longo do processo de experimentação artística. Isso objetiva proporcionar um ambiente de acolhimento e reflexão que as estimule a produzir conteúdos audiovisuais a partir de suas próprias histórias, sonhos, questionamentos, favorecendo a representatividade, a noção de pertencimento e a intervenção na realidade.

O projeto oferece equipamentos audiovisuais para a realização dos filmes e os exercícios e as aulas são conduzidas por educadores audiovisuais e integrantes da equipe do Imagens em Movimento. No período de filmagem dos curtas-metragens, toda a logística de deslocamento e alimentação dos alunos também ficam a cargo do projeto.