
Aos 18 anos, Sofia Isabelly da Rosa, moradora do Jardim América II, em Várzea Paulista (SP), é o retrato da persistência diante das adversidades. Formada em 2023 pela Escola Estadual Professor Marcos Alexandre Sodré, a jovem superou jornadas cansativas de trabalho e estudos para alcançar um feito inspirador: a aprovação no curso de Medicina Veterinária com bolsa 100% pelo Prouni, na Universidade São Francisco, em Itatiba.
Ela obteve 860 pontos na redação do ENEM 2024 e uma média geral de 590. O resultado, no entanto, foi construído com muito esforço e fé.

Rotina intensa e obstáculos pelo caminho
Acordando às 5h da manhã e estendendo os estudos até a madrugada, mesmo após longos turnos de trabalho em uma farmácia de shopping, Sofia enfrentou uma realidade difícil, mas não deixou que isso impedisse seu sonho. No entanto, a angústia tomou conta quando não foi aprovada na primeira chamada do Prouni.
“Então, desde que o período de inscrição do Prouni começou, todo dia era um frio na barriga aqui em casa. […] No dia do resultado o baque veio, eu não tinha conseguido passar na primeira chamada, fiquei em 5º lugar”, relata. O impacto foi grande. “Confesso para você que isso me deixou bem angustiada, passei um período trancada no quarto, não queria falar com ninguém”.
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Fé, apoio familiar e a virada na segunda chamada
Sofia viu sua esperança se renovar após deixar o emprego que a estava afetando emocionalmente. Incentivada pela mãe a confiar mais em Deus, ela ganhou forças para esperar pela segunda chamada. E a resposta veio na madrugada de 28 de fevereiro.
“Quando foi por volta das 00:20, o site finalmente abriu, e lá estava o meu nome: EU HAVIA SIDO PRÉ-SELECIONADA! Meus pais estavam dormindo, fui imediatamente acordar eles para contar a notícia, minha mãe chorou tanto, me abraçou… Essa vitória foi mais dela do que minha”.
A emoção de conquistar o sonho era também a realização de um desejo profundo da mãe, Isaura, e do pai, Ivan. “A filha da diarista e de um operador de máquinas ganhar uma bolsa 100%? Era uma realidade que parecia um pouco distante para nós”.
“No desfecho, não foi o meu pedido que se cumpriu, mas sim a fé madura de quem aprendeu a confiar — e ela venceu”.
A cerimônia do jaleco e o impacto do cursinho popular
Sofia está prestes a viver outro marco de sua trajetória: sua cerimônia do jaleco, marcada para o dia 25 de abril. “Isso para mim é a prova da existência de Deus, porque imagina, em um dia você está trancada, chorando no quarto, com medo de não passar no vestibular, e no outro você está na frente de uma multidão jurando honrar o seu jaleco e a sua profissão pelo resto da sua vida”.
Ela também destaca o papel fundamental que o cursinho teve em sua jornada: “Cada sábado era um professor diferente indo lá e contando toda a sua trajetória […]. Eu via sonhos, jovens que escolheram a educação como ato de resistência”.
Um recado para quem também sonha
Sofia deixa uma mensagem forte para outros jovens em busca de oportunidades: “Se você tem um sonho, não desista. Insista, persista, lute por ele com tudo o que tem. O sistema não quer que você vença; ele se alimenta da ignorância e do conformismo. Por isso, sonhar já é um ato de resistência”.
Ela completa com um alerta sobre o poder da educação: “Buscar conhecimento quando se nasce pobre é quase um grito de rebeldia. Estudar, nesse contexto, é revolucionar a própria história”.
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Agradecimentos e planos futuros
“Minha eterna gratidão aos meus pais, Isaura e Ivan, que correram para que hoje eu possa caminhar com mais tranquilidade. Ao meu noivo, Henrique, e aos meus sogros, Aparecida e Suiberto, agradeço por estarem ao meu lado em cada passo dessa jornada”.
Sofia também menciona com carinho os professores Marcos e Alan, que se tornaram inspiração. Seu desejo agora é retribuir, sendo voluntária no cursinho que a acolheu, caso ele volte a funcionar.
“Espero, em um futuro próximo, poder servir de espelho e incentivo a tantos outros jovens que, assim como eu, sonham com um futuro melhor”.