Jovem de Várzea Paulista encontra pai desaparecido em Itanhaém
Foto: Reprodução/Prefeitura de Itanhaém

Na manhã de sexta-feira (30), a angústia de Laura Cristina Aparecida da Silva (25), de Várzea Paulista, finalmente teve um fim, ao reencontrar seu pai, Severino Gonzaga da Silva (55), que estava desaparecido há um mês. Severino foi encontrado nas ruas do bairro Gaivota, em Itanhaém, litoral de São Paulo.

A equipe de técnicos de abordagem de rua do Centro de Referência para Pessoas em Situação de Rua, o Centro Pop do município, foi quem o resgatou. Ao Diário do Litoral, Laura conta levou três dias para começar a procurar o pai, que costuma sair de casa e voltar depois de alguns dias. De acordo com ela, desta vez Severino saiu dizendo que queria voltar à praia.

“Já havia feito as buscas em todos os locais, na delegacia, nos hospitais, na TV e até fui no IML, mas sabia que ele estava vivo. Ele veio procurar a antiga casa onde morou em Itanhaém, no bairro Gaivota”, explica Laura. A família morava no litoral, mas precisou se mudar depois de perder a casa para uma enchente.

“Meu pai é andarilho e ele sempre gostou de fazer uns bicos e pagar latinha para vender. Por isso ele voltou na casa onde moramos, em Itanhaém, e achou a agenda do meu filho”, conta.

A assistente social Maria Janete Andrade foi quem entrou em contato com Laura, para contar que estava com Severino em Itanhaém. “Já tinha perdido as esperanças de achar o meu pai”, relata a filha. No mesmo dia, Laura foi até o litoral para buscar o pai.

Laura mora em Várzea Paulista, em um barraco de madeira, com o marido e três filhos. Ela conta que está desempregada, mas estão tentando construir uma casa maior. A ideia é poder dar melhores condições ao pai, que é dependente do álcool.

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Saudades de casa

Severino contou que saiu de Várzea Paulista e foi para Itanhaém a pé, pois estava com saudades e estava a procura da casa antiga. “Estava lá pegando latinha para conseguir algo para comer, e não ficar parado”, disse.

“Pretendo ir embora para com minha filha e não fazer mais a família sofrer. Saí de lá a pé e demorei um dia e meio até chegar em Santos, mas só consegui pegar uma carona de Santos pra Itanhaém”, explica Severino.

Ele diz que, antes da equipe de acolhimento o encontrar, ele viveu um mês vivendo nas ruas, e tinha medo de dormir e ser atacado por alguém.

Maria Janete, que acolheu Severino em Itanhaém, diz que o Centro Pop atende cerca de 40 pessoas em situação de rua por dia. O local oferece café da manhã, almoço e um lanche da tarde. As pessoas atendidas ainda recebem um kit higiene, banho e roupas limpas.

Mari contou que os agentes atuavam na região do bairro Gaivota, quando viram Severino, que não conheciam do local. “Ele veio para almoçar e durante o atendimento ele mencionou a filha Laura e ele demonstrou muito amor e até chorou ao falar dela”.

Entre os pertences de Severino, em meio às latinhas, Maria encontrou a agenda do filho de Laura, com uma foto da filha com o pai. Assim, com um dos telefones escritos no caderno, a assistente conseguiu entrar em contato com Laura. Ela conta que fizeram uma chamada de vídeo entre pai e filha, “bastante emocionante”. “Chegamos a um final feliz”, comemora.

“Percebemos que existe um laço muito forte de amor entre os dois, isso é a grande recompensa do nosso trabalho. Trabalhamos com o fortalecimento de vínculo familiar, mas, às vezes, a família não aceita mais”.