Mãos segurando cédulas de 100 reais, representando pagamento ou movimentação de dinheiro no Brasil.
13º salário deve injetar R$ 957 milhões na economia de Jundiaí (Foto: Rmcarvalho/Canva)

O pagamento do 13º salário deve aquecer a economia jundiaiense neste fim de ano. Segundo projeção do departamento de economia do Sincomercio Jundiaí e Região, o benefício injetará até R$ 957,5 milhões no município em 2025. O cálculo considera os rendimentos dos cerca de 190 mil trabalhadores com carteira assinada, com base em dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

Impacto direto na renda e no consumo local

As duas parcelas do 13º salário devem ser pagas até 30 de novembro e 20 de dezembro, respectivamente. De acordo com o economista Jaime Vasconcellos, o valor estimado se refere apenas aos empregados celetistas, sem incluir aposentados e pensionistas, que receberam o benefício de forma antecipada no primeiro semestre.

Vasconcellos destaca que, em relação a 2024, haverá um aumento de 7% na injeção total de recursos. “Esta renda adicional é muito aguardada, principalmente pelo alívio que causa ao orçamento das famílias”, comenta.

O economista explica que o valor recebido tende a ser destinado ao pagamento de dívidas, consumo em datas especiais — como Black Friday, Natal e Réveillon — ou à poupança para despesas de início de ano, como IPVA, IPTU, matrícula escolar e viagens de férias.

Endividamento recorde deve influenciar comportamento do consumidor

Mesmo com o emprego em alta, Vasconcellos alerta que a maior parte do benefício deve continuar sendo usada para quitar pendências financeiras. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontam que 79,2% das famílias brasileiras estavam endividadas em setembro de 2025 — o maior índice da série histórica. Destas, 30,5% já tinham contas em atraso.

Varejo se prepara para aumento nas vendas de fim de ano

O presidente do Sincomercio, Edison Maltoni, lembra que o varejo tende a ser um dos principais beneficiados pela circulação do 13º salário. Em dezembro de 2024, o faturamento bruto do comércio varejista da região cresceu 19% em relação à média dos demais meses do ano.

Os setores de vestuário, tecidos e calçados registraram crescimento de 92%, enquanto os supermercados apresentaram alta de 26%. “E esse tradicional aquecimento das vendas neste período novamente ocorrerá, mesmo que em relação a 2024 não haja expectativa de aumento tão expressivo nos resultados”, afirma Maltoni.

Ele ressalta, no entanto, que os dados se referem ao faturamento bruto e não à lucratividade final. “Os custos também aumentam neste período, seja pela ampliação do horário de funcionamento das lojas, seja pelo pagamento do próprio 13º salário aos colaboradores”, completa.

Desafios econômicos podem limitar o crescimento

Apesar da perspectiva positiva, o Sincomercio alerta que juros elevados, inflação e alto endividamento devem restringir o crescimento das vendas neste fim de ano.

“Ainda que o mercado de trabalho aquecido contribua para a sustentação da renda e do consumo, a conjuntura econômica impõe uma pressão contrária sobre o desempenho do comércio”, conclui Vasconcellos.