Mão feminina segurando carteira de trabalho em sala de espera
PAT Jundiaí está com vagas de emprego abertas para diferentes setores (Foto: Agência Brasil)

Nesta sexta-feira (30), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados apontando que o Brasil bateu recorde de desemprego desde 2012. De acordo com o levantamento, no trimestre encerrado em fevereiro, o país atingiu 14,4% de desemprego.

O número total estimado de desempregados é de 14,4 milhões, um recorde da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), que começou há 9 anos. “O resultado representa uma alta de 2,9%, ou de mais 400 mil pessoas desocupadas frente ao trimestre anterior (setembro a novembro de 2020)”, informou o IBGE.

“Nos chama atenção o recorde na população desocupada que atingiu nada menos que 14,4 milhões. Isto reforça a perspectiva que o mercado de trabalho está frágil e assim a demanda doméstica não pode ser considerada um motor do PIB para este ano”, avaliou o economista da Necton, André Perfeito, ao G1.

Desde o início da pandemia, o número de pessoas sem emprego no Brasil aumentou 16,9%, e teve ainda um acréscimo de 2,1 milhões de pessoas em busca de trabalho. O IBGE considera como desempregado apenas trabalhadores que efetivamente procuraram emprego nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.

O número de pessoas que desistiram de procurar um trabalho também atingiu uma marca recorde neste último levantamento, com 6 milhões de pessoas. Esse número representa uma taxa de 5,6% da população na força de trabalho. A soma das taxas de desalentados e desempregados atinge 20% deste total.

Outros dados

  • A população ocupada (85,9 milhões) ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior e caiu 8,3% frente ao mesmo trimestre de 2020;
  • Em 1 ano de pandemia, houve redução de 7,8 milhões de postos de trabalho no país. Desse total, 3,9 milhões eram vagas com carteira assinada;
  • Mais da metade da população em idade e trabalhar continua sem emprego; o nível da ocupação ficou em 48,6%, contra 54,5% em igual trimestre do ano anterior;
  • A população subutilizada (32,6 milhões) ficou estável frente ao trimestre móvel anterior e cresceu 21,9% (mais 5,9 milhões) na comparação anual;
  • A taxa de subutilização ficou em 29,2%, mostrando estabilidade em 3 meses e alta na comparação anual (23,5%);
  • O número de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas (6,9 milhões) cresceu 6,3% (mais 406 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2020;
  • A renda média caiu 2,5% frente ao trimestre encerrado em novembro e foi estimada em R$ 2.520;
  • A massa de rendimentos no país caiu 7,4% em 1 ano, para R$ 211,2 bilhões (menos R$ 16,8 bilhões).

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Em comparação com os dados do trimestre encerrado em novembro, apenas a categoria de trabalhadores autônomos cresceu. O setor com 23,7 milhões de pessoas apresentou um aumento de 3,1%, o que evidencia a dificuldade de recuperação do mercado de trabalho, e sua situação precária.

Ainda assim, o número total de brasileiros que trabalham por conta própria é 3,4% menor que o registrado há 1 ano.

“Não houve, nesse trimestre, uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa como o comércio, a indústria e alojamentos e alimentação. O trimestre volta a repetir a preponderância do trabalho informal”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, ao G1.

Situação por setor

Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, o comércio, alojamento e alimentação são setores que lideram perdas de postos em 1 ano. Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, 7 dos 10 grupamentos tiveram queda no número de ocupados.

As outras queda foram observadas nos setores de construção, transporte, armazenagem e correio e informação e comunicação. Já os grupamentos de administração pública e agropecuária apresentaram estabilidade.

O instituto de pesquisa afirmou que a dispensa de profissionais nos dois primeiros meses de 2021 já era esperada, devido ao movimento sazonal do mercado neste período. Esse dado leva em consideração as contratações temporárias de final de ano. Porém, este ano, a situação pode ter se agravado por causa da pandemia.

“Embora as medidas mais rígidas tenham sido tomadas em março, em fevereiro nós tivemos o cancelamento das festas de carnaval”, destacou a analista da pesquisa.

Mesmo com o crescimento no número de ocupados nos últimos meses, economistas avaliam que uma melhora mais consistente do mercado de trabalho só deve ser observada no segundo semestre de 2021, mas ainda assim depende do avanço da campanha de vacinação contra a Covid19 e da redução das incertezas econômicas.