
A ata divulgada nesta terça-feira (5) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reacendeu críticas da indústria paulista. Para o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, o documento reforça a chamada “Síndrome de Peter Pan” da economia brasileira — uma referência ao personagem que se recusa a crescer.
“Estamos, mais uma vez, diante de um paradoxo perverso: o mundo avança, investe, disputa mercados de modo competitivo, mas o Brasil insiste em não amadurecer e segue temeroso de promover robusta expansão do PIB, como o personagem que se recusa a sair da infância”, afirmou Cervone.
Reeleito na segunda-feira (4) para o mandato de 2026 a 2029 à frente do Ciesp, e também como primeiro-vice-presidente da Fiesp, Cervone criticou a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano — maior patamar em quase duas décadas. A medida, segundo ele, vai na contramão do cenário internacional.
“Enquanto os Estados Unidos e outras economias operam com juros reais muito mais baixos, aqui seguimos com taxas que inviabilizam o fomento da produção, encarecem o crédito e afugentam investimentos”, completou.
Tarifa de Trump é usada como justificativa para manter juros altos
A ata do Copom citou como fator de incerteza externa o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — medida assinada por Donald Trump e que entra em vigor nesta quarta-feira (6). No entanto, Cervone afirma que essa justificativa não se sustenta como argumento para manter os juros em níveis tão elevados.
“Juros altos são mais uma barreira às nossas exportações, pois encarecem tudo o que produzimos”, criticou.
Para o dirigente, embora a nova tarifa seja um fator real de preocupação para o comércio exterior, a política monetária do Banco Central agrava ainda mais as desvantagens competitivas do Brasil.
Inflação em queda e juros “fora do contexto”
Rafael Cervone também destacou que a inflação já apresenta sinais de desaceleração, o que abriria espaço para uma redução gradual e responsável da Selic. Ele defende uma política que estimule o crescimento econômico com responsabilidade fiscal, sem penalizar a produção.
“As taxas estão exageradas e fora do contexto real de um país que precisa ampliar seu nível de investimentos, gerar empregos em grande escala, reduzir desigualdades e conquistar um patamar mais elevado de desenvolvimento”, pontuou.
Para ele, é urgente conter os gastos públicos e corrigir o desequilíbrio fiscal, mas isso não deve servir como desculpa para uma política monetária excessivamente rigorosa.
“Está na hora de virar um país adulto”, diz Cervone
Encerrando sua análise, o presidente do Ciesp fez um apelo para que o Brasil abandone o medo do crescimento econômico e assuma um papel mais ousado no cenário global.
“A economia não pode ser eternamente encarada como inimiga da estabilidade. É possível e necessário buscar o equilíbrio entre controle inflacionário e expansão sustentada. Não podemos mais ser o país que tem medo do crescimento”, afirmou.
“O Brasil precisa assumir, com coragem e maturidade, o protagonismo que sua dimensão e potencial exigem. Chega de Peter Pan. Está na hora de virar um país adulto.”
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