Fórum Ciesp
Foto: CIESP

Nesta sexta-feira (20), o presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, afirmou que a indústria brasileira será tanto promotora quanto beneficiária da energia limpa e renovável no país. Sua declaração foi feita durante a abertura do evento “Neoindustrialização apoiada pela Transição Energética”, organizado pelo Estadão Think em São Paulo, com o apoio da Fiesp, Ciesp, Firjan e CNI.

Cervone ressaltou a importância da transição energética para o setor industrial, tanto no Brasil quanto globalmente. Segundo ele, “a transição para um novo modelo é crucial para a atividade industrial, que hoje responde por 30% do consumo de energia do país e por 40% da energia elétrica consumida”.

O presidente do Ciesp também destacou que, na matriz energética brasileira atual, cerca de 55% das fontes de energia são não renováveis, como petróleo e gás, enquanto 45% são renováveis. “Estamos muito mais avançados do que a média mundial, onde os índices são de 85% de fontes não renováveis contra 15% de renováveis”, explicou.

Ele enfatizou que o Brasil tem um enorme potencial de expansão nesse setor, como demonstram as estatísticas oficiais da matriz energética.

Atualmente, o Brasil possui 200 Gigawatts de potência instalada, sendo 84,3% provenientes de fontes renováveis e 15,8% de fontes não renováveis. Cervone também destacou o crescimento das fontes de energia eólica, solar e biomassa, que têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento energético do país.

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Ciesp aborda crise climática e seus desafios

Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), enfatizou os efeitos visíveis da crise climática, como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas nas florestas brasileiras. Segundo ele, esses extremos são indicativos de que “os extremos climáticos vieram para ficar” e reforçou a urgência de reduzir as emissões de carbono.

“Ainda que tenha havido uma desaceleração, a Humanidade não está levando a sério essa questão”, afirmou Lucchesi. Ele também alertou que, sem mudanças na matriz energética, “caminharemos para a autoextinção”.

Erick Bretas, diretor-presidente do Grupo Estado, reforçou a importância de repensar o atual modelo econômico baseado em “extrair, produzir e descartar”, defendendo a transição para a economia circular. Ele destacou que a emergência climática trouxe à tona temas como energia renovável, gestão de resíduos e o consumo de matérias-primas.

“Nossa geração testemunha os esforços de transição para a economia circular. Os desafios são imensos, assim como as oportunidades”, afirmou Bretas.

O potencial do Brasil e pressões no congresso

O presidente da Fiesp, Josué Gomes, destacou que o Brasil já é um grande produtor de biomassa e possui um vasto potencial para a produção de energia eólica. “O Brasil, de fato, tem o potencial de oferecer não só energia limpa e barata, como energia líquida para nossa indústria”, disse Gomes.

Gomes também alertou para as pressões de determinados grupos sobre o Congresso Nacional para a aprovação de leis que favorecem interesses específicos, em detrimento do desenvolvimento do país.

Um exemplo seria o lobby da indústria petroquímica, que defende a inclusão de uma cota mínima de biometano na matriz energética. De acordo com ele, esses incentivos acabam elevando os custos de outros segmentos da economia.

“Os subsídios ou incentivos para uma determinada indústria empurram os custos para outros setores”, concluiu Josué Gomes, mencionando que várias pautas que beneficiam pequenos grupos estão sendo discutidas no Congresso atualmente.

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