
As pressões fiscais sobre os municípios brasileiros se intensificaram com o déficit orçamentário federal previsto em R$ 105,2 bilhões para 2024, e as discussões sobre o pacote de corte de gastos promovidas pelo governo nas últimas semanas. A decisão final sobre as medidas ainda depende de um alinhamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e o Congresso.
As tratativas para o pacote continuam com o retorno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Brasília nesta semana, após adiamentos devido à necessidade de alinhamento com o Legislativo. Segundo a mais recente projeção oficial (divulgada em 20 de setembro) a expectativa é encerrar o ano com déficit primário de R$ 28,3 bilhões, além das exceções que somam mais de R$ 40 bilhões em despesas fora das regras fiscais. Este cenário, obriga os governos municipais a cortarem gastos para compensar a falta de apoio mais consistente do governo federal.
Impacto para os Municípios
Enquanto o governo federal negocia o pacote de contenção, os municípios da Região Metropolitana de Jundiaí (RMJ) terão de enfrentar dificuldades financeiras. Segundo o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a frustração de receita prevista para a RMJ em 2024 ultrapassa os R$ 300 milhões. A alta dependência de repasses estaduais e federais e as limitações orçamentárias existentes tornam o cenário ainda mais desafiador, pois limitam a capacidade de investimento das prefeituras, e, em alguns casos, colocam em risco a manutenção de serviços essenciais.
Dante das medidas de contenção e do cenário de baixo crescimento das receitas, os gestores locais terão que adotar soluções imediatas, como o contingenciamento de investimentos, ajustes na folha de pagamento e reavaliação de contratos e convênios. Com despesas obrigatórias em alta, incluindo Previdência e folha de pagamento, as prefeituras são forçadas a priorizar os serviços básicos, sacrificando investimentos importantes e comprometendo o desenvolvimento regional.
Repasses do Governo Federal e incertezas econômicas
A restrição nos repasses federais, agravada pela queda nas receitas estimadas com julgamentos do CARF (impactando uma receita de R$ 35 bilhões) e concessões, prejudica diretamente o orçamento dos municípios. Para a RMJ, a diminuição desses repasses significa menos recursos para custear projetos de infraestrutura, saneamento e mobilidade, o que transfere ainda mais a carga para os governos locais e pressiona os cofres públicos municipais.
Consequências do corte de gastos a longo prazo
A política econômica federal centrada no corte de despesas discricionárias afeta o planejamento estratégico dos municípios. Com pouca autonomia para expandir a arrecadação e a insegurança em relação ao fluxo de repasses, gestores locais terão que adotar novas medidas de contenção que podem resultar na paralisação de projetos e agravar a estagnação regional.
Se o governo federal mantiver uma política de cortes e falhar em garantir uma estrutura de repasse previsível, a responsabilidade pelo equilíbrio fiscal ficará nas mãos dos municípios, que já enfrentam dificuldades com a defasagem de recursos estaduais e federais. Na prática, isso significa que os serviços públicos essenciais e os investimentos em desenvolvimento local estarão em risco, comprometendo tanto a qualidade de vida dos habitantes quanto o crescimento econômico regional.
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