
Contrário à tendência observada na manhã desta quarta-feira (12), o dólar opera em forte alta enquanto investidores repercutem as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um evento no Rio de Janeiro. Lula afirmou que não consegue discutir economia sem “colocar a questão social na ordem do dia” e que o “mercado financeiro não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade”.
Contexto econômico e reações do mercado
Essas declarações vêm em um momento de cautela entre os investidores em relação à questão fiscal brasileira, com o governo sendo pressionado a reduzir gastos. No cenário internacional, a atenção está voltada para os novos dados de inflação dos Estados Unidos e a expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), que será divulgada às 15h.
Desempenho do Dólar e do Ibovespa
Dólar
Às 12h55, o dólar subia 0,64%, cotado a R$ 5,3949, tendo atingido a máxima de R$ 5,4286. Ontem (11), a moeda norte-americana havia fechado em alta de 0,07%, a R$ 5,3605. Com o resultado de hoje, o dólar acumula altas de:
- 0,68% na semana;
 - 2,12% no mês;
 - 10,47% no ano
 
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,13%, aos 120.264 pontos, enquanto na terça (11), o índice havia encerrado em alta de 0,73%, aos 121.635 pontos. No acumulado, o índice registra:
- Alta de 0,72% na semana;
 - Queda de 0,38% no mês;
 - Perdas de 9,35% no ano
 
Influências no mercado
O mercado começou o dia com mais tranquilidade após a divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos, que indicaram uma estabilidade nos preços, contrariando a expectativa de uma leve alta. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) não teve alteração em maio, enquanto se esperava um aumento de 0,01%.
No entanto, o mercado brasileiro reverteu o otimismo inicial após as declarações de Lula, que defendeu que a economia não pode estar apartada do social. “Todos os debates que se fazem se tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas me parece que os problemas sociais não existem. Eles existem […], estão nas nossas portas, estão nas ruas”, disse Lula.
Estas declarações ocorrem num momento em que o governo enfrenta pressão do mercado a fim de reduzir gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que apresentará a Lula uma proposta para mudar o formato dos pisos de gastos em saúde e educação.
O presidente afirmou que está trabalhando para equilibrar as contas públicas sem comprometer os investimentos. “Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, declarou.
Em abril, a arrecadação federal com impostos, contribuições e demais receitas somou R$ 228,9 bilhões, o maior valor para o mês em 30 anos. Além disso, no primeiro quadrimestre do ano, a arrecadação cresceu acima da inflação.