preço das carnes sobe 5,8% em outubro (1)
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A carne foi um dos principais fatores que impulsionaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês de outubro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com uma alta de mais de 5% no período, o alimento continua sendo um dos maiores desafios no controle da inflação. Segundo economistas consultados pela CNN, o cenário de preços elevados deve se prolongar nos próximos meses.

A inflação no segmento de alimentação no domicílio registrou um aumento de 1,22% em outubro, sendo fortemente impactada pelos preços das carnes, que subiram 5,81% em geral. Entre os cortes que mais sofreram reajustes, destacam-se o acém (9,09%), a costela (7,40%), o contrafilé (6,07%) e a alcatra (5,79%). Esta é a maior variação mensal do preço das carnes desde novembro de 2020, quando o índice alcançou 6,54%.

Segundo André Almeida, gerente do IPCA e INPC no IBGE, o aumento de preço das carnes reflete uma menor oferta desses produtos no mercado, impulsionada por fatores como o clima seco, a redução no número de animais abatidos e um volume elevado de exportações.

Fatores de alta no preço das carnes

O impacto das condições climáticas desfavoráveis foi apontado como uma das principais causas da alta nos preços. Matheus Dias, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), explicou à CNN que o clima seco prejudica a qualidade dos pastos utilizados para a engorda do gado, resultando em uma oferta menor.

“Atualmente essa seca e condições desfavoráveis no campo leva cada vez mais leva a um cenário de redução nas cabeças disponíveis para corte e, por consequência a oferta do alimento.”

preço das carnes sobe 5,8% em outubro (1)
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Outro fator que vem pressionando os preços da carne no mercado interno é a desvalorização do real frente ao dólar. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, destaca que o fortalecimento do dólar em relação às moedas emergentes, como o real, aumenta os custos de produção e exportação, refletindo no preço final da carne.

“Temos uma demanda doméstica forte em conjunto com uma alta demanda de importação da carne, principalmente da China, que joga esses preços para cima e que seguirá pressionando o custo do alimento internamente.”

Exportações brasileiras priorizadas pelo mercado internacional

Além da demanda interna aquecida, o cenário externo também influencia a dinâmica de preços. Felippe Serigatti, pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV Agro, explica que a recomposição dos rebanhos em grandes mercados exportadores, como Estados Unidos, Austrália e Argentina, tem aumentado a demanda por carne brasileira no mercado internacional.

Mesmo com a alta nos preços, o pesquisador destaca que os cortes de carne continuam sendo consumidos no mercado interno. “Mesmo com o repasse de preço, o consumidor vem sendo capaz de absorver, cenário que irá acontecer em 2025.”