
Como parte de um amplo processo de reestruturação para estancar prejuízos bilionários, os Correios projetam a adesão de cerca de 15 mil funcionários ao Plano de Demissão Voluntária (PDV). O detalhamento foi feito pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, em entrevista concedida a jornalistas na segunda-feira (29).
PDV deve atingir 17% do quadro
De acordo com o presidente, o número de adesões esperadas representa cerca de 17% do quadro de funcionários. A previsão é que os desligamentos ocorram entre 2026 e 2027, com aproximadamente 10 mil cortes no primeiro ano e outros cinco mil no ano seguinte.
Cortes, venda de imóveis e ajustes operacionais
Além do PDV, o plano inclui a revisão de carreiras, parcerias com terceiros, redesenho de operações e gestão de ativos. A expectativa da empresa é obter R$ 7,4 bilhões de impacto positivo no balanço, sendo R$ 4,2 bilhões em redução de despesas, R$ 1,7 bilhão com aumento de receitas e R$ 1,5 bilhão com a venda de imóveis.
A estatal também pretende fechar cerca de mil pontos de atendimento no país e racionalizar a malha logística, o que pode gerar economia adicional de R$ 2,1 bilhões.
Empréstimo de R$ 12 bilhões
Para reforçar o caixa e evitar inadimplência com fornecedores e credores, os Correios fecharam uma linha de crédito de R$ 12 bilhões com Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, com o objetivo de recuperar a capacidade financeira da empresa até março de 2026.
Risco de prejuízo maior sem reestruturação
Segundo a direção, sem o plano de reestruturação e o aporte de recursos, o prejuízo em 2026 poderia chegar a R$ 23 bilhões. As perdas acumuladas entre 2022 e setembro deste ano já ultrapassam R$ 10 bilhões, sendo mais de R$ 6 bilhões apenas nos primeiros nove meses do ano.
Ainda faltam R$ 8 bilhões
O plano indica uma necessidade total de R$ 20 bilhões em captação. Como os empréstimos contratados somam R$ 12 bilhões, ainda será preciso levantar R$ 8 bilhões, cuja forma de cobertura será avaliada ao longo de 2026, podendo envolver novos créditos ou aporte direto.
Nova fase mira sustentabilidade
Após as etapas de recuperação de caixa e reorganização de pessoal, rede e logística, a estatal prevê uma terceira fase focada na modernização do modelo de negócio, com o objetivo de garantir sustentabilidade no médio e longo prazo.