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O FMI prevê queda 1,6% do PIB para o biênio 2020/2021. (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Nove em cada 10 países devem atravessar a crise econômica do novo coronavírus melhor do que o Brasil, de acordo com levantamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central.

Segundo a previsão, a recuperação da pandemia será mais difícil que outras recessões já vividas.

A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) caia neste ano e tenha uma recuperação pequena no ano que vem. O FMI prevê queda 1,6% para o biênio 2020/2021.

O pesquisador Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aponta que, entre os 192 países, o Brasil ficará na 171ª posição. Na América do Sul, apenas a Venezuela terá um resultado pior.

“O Brasil vive uma crise de saúde e uma crise política ao mesmo tempo, isso não tem paralelo internacional. O otimismo do começo do ano com o país ficou para trás e os principais agentes preveem uma queda forte para a economia nacional este ano”, avalia Balassiano.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o pesquisador ressalta que a perspectiva do FMI e do Focus ainda é otimista.

No Banco Mundial, a previsão é de um queda de 3% para o Brasil neste biênio.

“O FMI deve fazer uma nova rodada de previsões no mês que vem e o desempenho esperado para o Brasil deve ser ainda pior”.

Recuperação

Desde 2017, o Brasil vinha crescendo na casa de 1% ao ano; por isso, a recessão não foi uma surpresa.

No ano passado, sete em cada dez países cresceram mais do que o Brasil, segundo o FMI.

“O Brasil veio de uma recessão forte e não conseguiu sair rápido dela. Entramos na crise atual com desemprego em dois dígitos e quase 70 milhões de vulneráveis”, diz Balassiano.

Outro agravante, segundo especialistas, foi a forma descoordenada como o Brasil vem lidando com a pandemia, como medidas de distanciamento pouco eficientes.

Considerando os fatores econômicos, as linhas de crédito concedidas a médias e pequenas empresas não chegaram na ponta. Uma pesquisa da FGV e do Sebrae aponta, até o mês passado, 38% dos empresários solicitaram crédito. Desses, só 14% receberam e 86% aguardavam ou tiveram o pedido negado.

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O ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros avalia que o Brasil precisará fazer um novo pacote fiscal.

“A Alemanha, pela primeira vez na história recente, vai reduzir o imposto sobre o consumo, dar um bônus de US$ 300 para as famílias de baixa renda, socorrer empresas. É o caminho”, afirma. “O problema aqui é que o governo é uma bagunça. Mas é preciso acenar com um projeto de reconstrução para depois da quarentena, dar esperança, mostrar à sociedade que algo está sendo planejado”.

José Luiz Oreiro, professor na Universidade de Brasília (UnB), alerta que mesmo há 90 dias em casa, no Brasil, a curva ainda está subindo. “Na Espanha, foram 45 dias de lockdown total e eles começaram a reabrir em maio. Outros países que reabriram, como Portugal, chegaram a trancar fronteiras”, compara.

Já Marcel Balassiano, do Ibre/FGV, defende que o país volte a fazer reformas, para crescer e gerar empregos sem descuidar das contas públicas. “Agora não há o que fazer, a dívida vai subir. Mas depois, as reformas devem voltar à mesa”.

Com informações da Gazeta do Povo.