
A imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, gerou forte preocupação entre empresários e economistas brasileiros. Embora a justificativa seja política — uma resposta à suposta “perseguição” contra Jair Bolsonaro —, os efeitos práticos atingem diretamente a economia nacional e o dia a dia da população.
Estados Unidos é parceiro comercial estratégico do Brasil
A medida foi oficializada em carta enviada ao presidente Lula e divulgada por Trump na rede Truth Social, onde o líder americano criticou decisões do STF e reafirmou apoio a Bolsonaro. Ainda que o discurso tenha conotação política, os desdobramentos são comerciais.
A taxação atinge setores estratégicos da balança comercial brasileira, como automóveis, máquinas industriais, peças elétricas e commodities — em especial carnes e grãos. Cidades com perfil exportador, como Jundiaí (SP), sentem o impacto de forma mais intensa.
“A taxação é algo bastante prejudicial para a economia, não só de Jundiaí, mas brasileira em geral, em função de os Estados Unidos serem um dos maiores parceiros comerciais do Brasil e da nossa região especificamente”, afirma Marcio Ribeiro Julio, diretor de Comércio Exterior do CIESP Jundiaí.
Exportações em queda: produção e empregos em risco
De acordo com Marcio, o mercado norte-americano já começa a reavaliar se ainda é vantajoso importar do Brasil. “Nesse momento as empresas americanas importadoras dos produtos brasileiros estão fazendo contas e entendendo se ainda é viável importar do Brasil. E muito provavelmente a resposta vai ser não”, destaca.
Essa ruptura tende a provocar redução na produção industrial, com efeitos em cadeia:
- Menos exportações
- Queda na produção
- Redução de vagas de trabalho
- Diminuição da renda local
“Quando a gente diminui as exportações, a gente diminui a produção dessas indústrias. Assim, você tem uma demanda menor para empregos e uma diminuição na renda. E isso acaba afetando a dinâmica da economia da cidade e da região”, explica.
Efeitos indiretos no consumo e na inflação
A expectativa de que produtos deixem de ser exportados e fiquem disponíveis no mercado interno pode não se concretizar, alerta o especialista. “Dificilmente esses produtos exportados escoariam para o mercado doméstico com efeito de baixa de preços porque muitas vezes a cesta de produtos exportados é diferente dos produtos comercializados no mercado local”, avalia.
No caso de commodities, pode haver uma queda momentânea nos preços, mas o cenário não tende a se sustentar. “Quando você tem uma disponibilidade maior no mercado de exportação, o preço desses produtos cai também. Mas vai ser uma baixa de preço temporária e depois o preço acaba se ajustando às demandas internacionais.”
Retaliação brasileira pode ser um tiro no pé
Diante da medida unilateral dos EUA, discute-se no Brasil a possibilidade de aplicar reciprocidade. No entanto, para o CIESP Jundiaí, essa não seria a melhor estratégia.
“Aplicar reciprocidade causaria um problema ainda maior, porque nós dependemos de muitas importações dos Estados Unidos, mais do que os Estados Unidos dependem das nossas exportações”, alerta Marcio.
Além disso, o país já enfrenta uma elevada carga tributária, e novos impostos poderiam aumentar a inflação e reduzir ainda mais a competitividade do Brasil no cenário global.
Diplomacia é a saída mais viável
A expectativa do setor produtivo é que o governo brasileiro adote medidas diplomáticas urgentes para reverter ou ao menos mitigar os efeitos da tarifa. “Vamos aguardar os próximos passos e as movimentações diplomáticas para perceber o rumo das negociações, mas isso é um impacto muito importante para nós que estamos sendo alvo de tudo isso aqui”, finaliza.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		