
Desde muito nova, Renata Ferreira Carlos já sabia a área que gostaria de seguir profissionalmente: ela queria ser enfermeira, assim como sua mãe. Aos 18 anos, ela ficou sabendo que estava grávida de sua primeira filha, Julia Elis Ferreira Carlos.
Ao lado do esposo, Walter Dias Carlos Junior, conhecido carinhosamente como Juca, Renata superou muitos desafios, mas precisou colocar alguns sonhos e projetos de lado para se dedicar à família.
Depois de tantos altos e baixos, nesta segunda-feira (18), todo esforço e renuncia ao longo dos anos foram recompensados. Renata, por fim, realiza o tão almejado sonho de fazer faculdade de Enfermagem, e não só isso: ela realiza o sonho ao lado da filha, que iniciou a graduação em Engenharia de Controle e Automação (Mecatrônica).

Além disso, Renata batalhou para conseguir se formar no Técnico em Enfermagem, oportunidade que abriu as portas para ela em diversos hospitais. Hoje, ela trabalha no Centro Cirúrgico de um dos hospitais particulares de Jundiaí.
Poucos recursos, mas muita vontade
Em entrevista ao Tribuna de Jundiaí, Renata conta que tudo foi muito incerto no começo, então deixou os estudos de lado e não chegou a concluir o Ensino Médio. Consciente da responsabilidade de cuidar e sustentar a filha, Renata e Walter moravam em São Bernardo do Campo e deram duro para se manterem sozinhos. A falta de estudo dificultava as oportunidades de emprego para Renata, que decidiu ‘dar a cara a tapa’ e fazer as coisas funcionarem mesmo assim.
“Eu comecei a fazer faxina e fazia com prazer. Limpeza é algo que eu gosto, então fazia com alegria. Com o tempo, eu tinha faxina todos os dias”, relembra.

Juca, o esposo, também tinha o sonho de se formar em engenharia, mas, ganhando apenas R$ 450 e sem qualquer tipo de bolsa ou incentivo, o sonho era impossível. Porém, ficar sem estudar não fazia parte dos planos deles.
“Para economizar dinheiro, o Walter ia a pé para o serviço e, com o dinheiro do vale transporte, ele pagava cursos no Senai”, conta.
Com dedicação, Walter conseguiu um emprego melhor e, com um pouco mais de condições, incentivou a esposa a voltar a estudar. Renata terminou o Ensino Médio e ingressou no curso de auxiliar de enfermagem em uma escola renomada em São Bernardo.
“Eu estudava e continuava a fazer faxina, mas mesmo assim, o dinheiro era muito justo. Tinha dia que eu só tinha o dinheiro para ir para o curso e não sabia como ia voltar. Algumas amigas acabam pagando minha passagem de volta”, conta Renata.
Com o termino do curso, Renata recebeu a oportunidade de trabalhar como enfermeira home care (domiciliar, em tradução livre). Oportunidade que acabou abrindo outras portas de emprego. Após passar pelo processo seletivo, Renata começou a atuar como enfermeira no Hospital Estadual de Diadema, referência em trauma neurocirúrgico e reconhecido internacionalmente.
“Quando me contrataram, eles falaram que sentiram muita confiança no meu trabalho e, por isso, eu fui chamada. Porém, me deram o prazo de dois anos para fazer o curso técnico”, conta.

Renata iniciou o curso técnico, porém a chegada de Gustavo, segundo filho do casal e, não muito tempo depois, a chegada de João, fez com que Renata não conseguisse terminar o curso, adiando mais uma vez os planos.
“Nessa época, eu me conformei e acabei não indo mais atrás do curso técnico. Para mim, ali onde eu estava, já estava bom”, conta.
Mudança para Jundiaí
Walter, esposo de Renata, foi indicado por engenheiros que haviam estagiado com ele em uma empresa, para uma vaga em Jundiaí.
Com a dificuldade de viajar todos os dias de São Bernardo do Campo até Jundiaí, a família decidiu se mudar para a cidade.
Antes de mudarem oficialmente, Renata conseguiu uma oportunidade no Hospital Pitangueiras. Mesmo ganhando menos da metade do que ganhava em São Bernardo, ela conta que não se arrepende e que, em primeiro lugar, está o bem-estar da família.

A vinda para Jundiaí acabou abrindo novas portas para ela. Foi aqui que ela conseguiu realizar o tão sonhado curso técnico, e assim, crescer em sua profissão. As realizações não pararam por aí e, incentivada pela família e agora, pelos filhos, Renata iniciou o curso superior.
“Eu sei que os quatro anos vão passar rápido e eu ainda tenho muito para aprender. Eu entendo que o meu chamado é ajudar as pessoas e, com a minha profissão, isso é possível. Eu quero adquirir mais conhecimento e, quem sabe, ajudar mais dez ou 20 pessoas a trilharem este caminho também”.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		