cartaz com pedido de aumento do recreio
Foto: Redes sociais

Com cartazes nas mãos e palavras de ordem, os manifestantes mirins estavam unidos em um só propósito: aumentar o tempo do recreio. Eles estudam em uma escola na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e têm entre oito e nove anos de idade.

Cecília e Luisa foram quem começaram o movimento, logo após aprenderem em uma aula de português que cartazes podem ser uma boa forma de comunicação.

“Ela e a melhor amiga tiveram a ideia de fazer cartazes para reivindicar o aumento do recreio, que na pandemia reduziu o tempo de brincadeiras das crianças. Antes, elas tinham 30 minutos para lanchar e brincar. Agora, elas têm 15 minutos para comer na sala de aula e outros 15 minutos para ir ao pátio.”, disse Sabrina, mãe de Cecília, que preferiu não dar o nome completo.

A escola está funcionando em esquema de “bolhas”, que é determinado pela Prefeitura de Belo Horizonte. Então, nem todas as crianças de uma mesma sala participam das aulas ao mesmo tempo.

“Escola muito grande, protocolo bastante rigoroso, recreio reduzido, uma bolha no pátio por vez. Então, elas queriam um tempo maior para brincar”, contou Sabrina.

Cartazes que foram expostos na manifestação. (Foto: Redes sociais)

A mobilização ganhou muitos adeptos e outros cartazes surgiram. Bella Gallo Tavares, de oito anos, até desenhou o educador Paulo Freire para que o movimento ganhasse ainda mais força. Ele aparece no túmulo e a mão dele segura um cartaz que diz: “aumento o recreio”.

Paulo Freire

“Eu gosto de Paulo Freire porque ele diz que os professores têm que aprender com os alunos e os alunos devem aprender com os professores. Assim como as crianças devem aprender com os adultos e os adultos devem aprender com as crianças”, disse ela.

Paulo Freire sendo inspiração na manifestação. (Foto: Redes sociais)

Os cartazes foram postados nas redes sociais e viralizaram rapidamente.

Começo do protesto

“A aluna que começou o protesto chegou para mim e disse, ‘professora você nos ensinou o cartaz, então agora nós vamos protestar, queremos o aumento do recreio’ e já saiu pelo salão”, contou a professora Fernanda Xavier.

A mobilização foi discutida em uma assembleia entre os alunos e os professores.

“A escola tradicionalmente incentiva o debate. Existem assembleias e os alunos participam, levam as reivindicações deles. Aí chegamos a um acordo”, disse a professora.

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E foi o que aconteceu. Como não é possível estender o tempo das brincadeiras todos os dias, já que as crianças de salas diferentes não participam do recreio juntas, foi decidido que o tempo de pátio seja ampliado em três dias diferentes na semana para que cada turma possa aproveitar. Com isso, elas terão mais 30 minutos para brincar nesses dias.

“As crianças devem sim reivindicar seus direitos para que no futuro possam ser adultos capazes de lutar por um mundo melhor”, falou Fernanda.

Fonte: g1.