
Com seis meses completos sem aulas presenciais em grande parte do país por causa da pandemia do Covid-19, a evasão escolar é um problema que já pode ser observado. A evasão escolar é o abandono das aulas pelos alunos, que não retornam para o próximo ano letivo. Especialistas preveem que a taxa tem tendência de crescimento para 2021.
Além de problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, a crise econômica trazida pela pandemia é um dos fatores que colaboram com a desistência das aulas pelos jovens. Danielle Teixeira, de 15 anos, comentou sobre como as dificuldades financeiras da família a fazem pensar em abandonar o 1º ano do Ensino Médio.
A mãe de Danielle teve problemas de saúde e foi afastada do trabalho, sem o direito de receber o auxílio doença do INSS. De acordo com a jovem, o pai não consegue lidar com as contas da família sozinho. “Pensei na possibilidade de ser lojista ou de trabalhar com culinária. A situação financeira me pressiona muito”, disse, em entrevista ao G1.
A falta de vínculo entre a escola e os alunos também é um dos fatores que incentivam o abandono letivo. A escola de Danielle, em Itabirito (MG), por exemplo, não disponibilizou aulas online. Durante a pandemia, as aulas foram substituídas por apostilas de exercícios. No início do ano o colégio estava em greve, então a menina diz que sequer teve contato direto com os professores. Além disso, a escola teria disponibilizado um e-mail para resolver dúvidas sobre as matérias das apostilas, mas, segundo a jovem, não há resposta pelo canal.
“Por mais que eu pesquise sozinha, não consigo, só vejo os exercícios se acumulando. Aí, a gente acaba desistindo.”
Menos matrículas
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE em 2019, cerca de 30% dos jovens de 15 a 17 anos não estão matriculados no ensino médio. O levantamento mostra que 20% dos alunos continuam no ensino fundamental e 10% abandonaram a escola.
A pesquisa também diz que 48% dos brasileiros que tem mais de 25 anos não concluíram o ensino médio. De acordo com 39,1% destes, apontaram que a necessidade de trabalhar foi o principal motivo da desistência.
Marvola Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, explica alguns dos motivos. “Há os jovens que sentem a necessidade de buscar o próprio sustento, os que já têm filhos e precisam bancá-los, e os que têm de ajudar os pais em casa.”
Os motivos para evasão escolar entre pessoas de 14 a 29 anos são, de acordo com a Pnad:
- 39,1% – Precisavam trabalhar;
- 29,2% – Não tinham interesse nos estudos;
- 9,9% – Engravidaram;
- 5,2% – Tinham afazeres domésticos;
- 3,7% – Tinham problemas de saúde;
- 9,6% – Apontaram outros motivos.
Impactos no futuro
De acordo com Laura Müller Machado, pesquisadora e professora do Insper, a evasão escolar impacta diretamente a renda da pessoa. “Por não ter diploma, a remuneração tende a ser de 20% a 25% menor. Os que estudam menos também tendem a ter um nível mais baixo de qualidade de vida”, explica.
Informações são do G1.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		