
Márcia Mendonça de Souza é professora de Educação Infantil na Emeb Paulo Gonçalves de Melo, no Jardim do Lago, em Jundiaí. É especialista em Neuropsicopedagogia e estudante de pós-graduação em Gestão EAD pela Universidade Federal de São Carlos. Com 16 anos de carreira, ela enfrentou no último ano o maior desafio da profissão: ensinar à distância bebês de até três anos.
Mas a professora não só se reinventou, como ganhou destaque e foi uma das vencedoras na premiação nacional “Educação Infantil: Boas Práticas de Professores Durante a Pandemia”, realizada dia 31 de março.
O objetivo da iniciativa era identificar práticas e os métodos utilizados por professores de ensino infantil para aprendizagem das crianças, a fim de mostrar o significado e a relevância deste trabalho à população.
Márcia conta sobre os desafios enfrentados para ensinar on-line no início da pandemia. “O maior foi atingir o público de até três anos. Com essa idade, há um trabalho específico de interação com crianças, é preciso brincar e estimular o aprendizado. Por meio do computador, isso parecia impossível”.
Pais
O primeiro contato remoto das iniciativas foi com os pais. Ela iniciou o método conversando com os responsáveis por e-mail e sugerindo atividades para serem feitas em casa, porém não recebia a devolutiva. A mesma situação ocorreu quando criaram um grupo de WhatsApp da sala.
Com tudo isso, Márcia resolveu conversar com os responsáveis individualmente para entender a situação. A partir daí, teve a ideia de flexibilizar o horário de trabalho e promover aulas interativas pelo Google Meet. “Minhas técnicas se basearam em fazer exercícios com música e história, com a participação de pais e filhos”.
Márcia, em um das aulas pelo Google Meet com as crianças (Foto: Arquivo pessoal)
Além das atividades nas aulas, ela começou a passar dever de casa, que consistia em fazer vídeos durante a semana para compartilhar no grupo do WhatsApp. “Todos adoraram a ideia. Comecei a receber vídeos que os pais gravavam em momentos de lazer: os primeiros passos das crianças, as primeiras falas… todos se envolveram. Os pais elogiavam uns aos outros sobre o desenvolvimento dos pequenos e isso iniciou um vínculo muito grande. Foi emocionante”, compartilha Márcia.
Premiação
Com o método bem aceito, Márcia tomou conhecimento da premiação de Boas Práticas. “Conheci a iniciativa através da minha antiga diretoria, que compartilhou o link em um grupo que eu estava. Fiz a inscrição e deu certo”, relembra.
A professora de ensino infantil também desabafa sobre a importância desta conquista. “De início achei que fosse impossível, depois vi que as minhas técnicas foram positivas. Ganhar a premiação, além de ser uma superação pessoal – pois faço tratamento de depressão – é saber que minhas práticas podem ajudar outros educadores”.
Ela ressalta ainda que o objetivo foi atingido. “Na pandemia, ficou evidente que o papel principal é mediar a educação à distância. Com esse resultado, eu contribuí com a minha área da paixão, a educação”, finaliza.
No total, mais de 700 práticas de todo Brasil – entre 15 estados e o Distrito Federal – foram inscritas. Dessas, 100 iniciativas foram vencedoras e cada uma ganhou R$ 1.000, além de um curso de 40 horas online com atividades sobre a Base Nacional Comum Curricular e Educação Infantil.
O prêmio é promovido pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que desde 2007 trabalha pela causa da Primeira Infância com o objetivo de impactar positivamente o desenvolvimento de crianças em seus primeiros anos de vida, em parceria com a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) e Itaú Social.
