
Durante todo o período da pandemia da Covid19, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, tem defendido o retorno obrigatório dos alunos da rede estadual para as aulas presenciais. Hoje, as unidades escolares funcionam com redução de capacidade e ainda com parte dos alunos em aula remota, em casa.
Soares destaca a necessidade do retorno para sanar as perdas na aprendizagem neste período, principalmente nas turmas de ensino médio. Além disso, relata o temor de altos índices de abandono escolar neste semestre. Dessa forma, o currículo das aulas devem passar por alteração no resto do ano.
“Ao invés de dar conteúdo novo, vamos dar revisão, conteúdos anteriores, de nivelamento. Esquece esse negócio todo aqui do currículo. É lindo, bonito, mas precisamos dar uns passos para trás para voltar a caminhar.”
Dessa forma, o secretário também disse que pretende retomar as aulas presenciais obrigatórias a partir de setembro. De acordo com ele, os alunos devem voltar ao ambiente escolar após todos os adultos de SP terem tomado pelo menos a primeira dose da vacina contra a Covid19.
Pouca adesão às aulas presenciais
Rossieli Soares ressalta, em entrevista ao Portal R7, que poucos alunos têm voltado para as aulas presenciais que foram liberadas, por diversos fatores. Ele menciona alguns, como a quebra do elo de confiança com a família, depois de tantas aberturas e fechamentos das escolas em um curto período; as fake news e “meias verdades”, como professores que foram contaminados: “Mas pegou dentro da escola ou porque foi ao restaurante, praia, supermercado?”, aborda.
Além disso, há também a questão do desemprego e crise financeira. Com as crianças em casa, os pais sentem que o filho está aprendendo e ao mesmo tempo podendo ajudar em casa, cuidando dos irmãos mais novos, por exemplo.
Na entrevista, o secretário também reforça a necessidade de um planejamento para volta às aulas, que deve evitar altos índices de abandono escolar. Segundo ele, em 2020, considerado o pior ano da educação, São Paulo registrou a menor taxa de abandono da história.
“Por quê? Porque a gente teve todo um trabalho pra manter o vínculo com o estudante. Sabe quando é que é que vai dar, realmente, o tamanho do problema? Quando a gente disser: é obrigatório voltar para a escola agora. Vamos lá, já vamos ter vacinado, talvez em setembro. Quando chegar a esse momento, o jovem vai ter de escolher entre ajudar a família a botar o que comer em casa ou voltar à escola. Esse vai ser o maior desafio”, explica Soares. “Se disser que é obrigado de repente, vai acabar forçando o abandono da escola. A previsão é em 15 de setembro ter vacinado todo mundo acima dos 18 anos com a primeira dose. A primeira dose é muito eficaz, já vai ter um nível de proteção mais alto. Aí é o momento de cravar que é hora de voltar.”
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Aula online vs aula presencial
Uma das maiores dúvidas é se o aluno realmente está aprendendo com as aulas online, e o secretário responde que “Está. Todo o esforço que está sendo feito, seja pelo Centro de Mídias aqui em São Paulo, pelo professor, trabalho no WhatsApp, sinal de fumaça O professor está correndo atrás.”
No entanto, o ensino híbrido ainda não é páreo ao presencia. “Ele não está aprendendo o que aprenderia na escola, é preciso deixar claro. Isso está mantendo o vínculo com o aluno e com o processo de aprendizado. Mas o presencial realmente nunca será substituído na educação básica”.