
Depois de uma estreia de sucesso em maio de 2023, em Coimbra, Portugal, e de esgotar ingressos em outras sete cidades lusitanas, como Lisboa, Estarreja, Ponta Delgada, Porto, Ourém, Vila Real, Setúbal e Faro, Adriana Calcanhotto traz a turnê de seu novo álbum, Errante, ao Brasil. A cantora se apresentará em Jundiaí, no Teatro Polytheama, no dia 18 de outubro. Além das faixas do novo trabalho, como Prova dos 9, Pra lhe dizer e Larga tudo, o repertório inclui também grandes sucessos de sua discografia, como os clássicos Vambora e Maresia.
O álbum Errante é marcado pela busca pela alegria, mesmo diante de canções que carregam traços de melancolia. O disco reflete o desejo de expansão de Adriana Calcanhotto, um contraponto ao período de isolamento vivido durante a pandemia entre 2020 e 2021. Diferente de seu trabalho anterior, Só (2020), que sublinhava a solidão do momento, Errante propõe uma saída para o mundo exterior, como já sugere o título.
O espírito expansivo de Errante se revela não apenas nas canções, quase todas compostas a partir de 2020, mas também no processo de gravação. As sessões ocorreram no estúdio da gravadora Rocinante, localizado em Araras, na serra fluminense, em meio à Mata Atlântica. O ambiente isolado foi palco para a celebração de encontros musicais há tempos aguardados.
Errante é um verdadeiro “disco de banda”, com a participação de Adriana (violão e voz), Alberto Continentino (baixo, piano e lira), Davi Moraes (guitarra e violão), Domenico Lancellotti (bateria e percussão), e o reforço dos sopros de Diogo Gomes, Jorge Continentino e Marlon Sette. Convivendo e criando juntos, os músicos construíram uma sonoridade coesa e rica em diálogos musicais.
Um autorretrato musical
Em Errante, Adriana Calcanhotto desenha um autorretrato através de versos fluidos, que fogem de definições rígidas. A identidade da artista se espalha em versos como: “Tenho o corpo italiano/ O nascimento no Brasil/ A alma lusitana/ A mátria africana”. A ideia de desenraizamento é confirmada na sequência: “E em tudo o que faço sou não mais do que impostora”.
Adriana Calcanhotto assume a direção do espetáculo, que conta com uma banda composta por Pedro de Sá (guitarra), Domenico Netto Lancellotti (bateria), Guto Wirtti (baixo acústico), Jorge Continentino (saxofone, flauta e teclados), Diogo Gomes (trompete e flugelhorn) e Marlon Caldeira Sette (trombone). Pedro de Sá já havia acompanhado Calcanhotto na turnê Gal: Coisas Sagradas Permanecem, em homenagem a Gal Costa, cujos shows tiveram grande sucesso de crítica e ingressos esgotados. Agora, com Errante, a cantora apresenta pela primeira vez no palco as 11 canções inéditas e autorais deste novo projeto.
Sobre Adriana Calcanhotto
Adriana Calcanhotto é uma compositora brasileira que explora a diversidade da música nacional, transitando por gêneros como bossa nova, MPB e funk. Suas letras são conhecidas por abordar tanto temas leves quanto reflexões profundas sobre a vida, combinando arte contemporânea, eventos sociais e filosofia.
Além de sua carreira musical, Adriana também se destaca como escritora e acadêmica. Com obras literárias como uma autobiografia e uma antologia de haicais brasileiros, ela foi nomeada Embaixadora da Universidade de Coimbra, onde também lecionou sobre poesia e composição de canções.
Sua discografia inclui trabalhos variados, como álbuns infantis sob o pseudônimo Adriana Partimpim, e a trilogia marítima, que começou com Marítimo (1998) e se encerrou com Margem (2019). Esses álbuns exploram o mar como metáfora para temas como amor e tragédia.
Adriana Calcanhotto também aborda questões sociais e políticas em seus trabalhos, como no concerto-tese A Mulher do Pau-Brasil (2018), que reflete sobre a identidade brasileira e a violência histórica. Durante a pandemia, ela lançou Só (2020), gravado em casa durante o isolamento. Seu mais recente álbum, Errante, é uma expansão desse período de reclusão, trazendo novas dimensões à canção brasileira e à sua expressão artística.
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