Frattini e livro
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Em sua mais recente obra, História de H., o autor D.B. Frattini, de Campo Limpo Paulista, oferece uma narrativa que mescla humor e drama, levando o leitor por uma jornada profunda e introspectiva. O romance gira em torno de H., um sexagenário que, após vivenciar grandes tragédias, decide redefinir os rumos de sua vida.

Marcado por experiências difíceis e traumas, ele busca novos significados para sua existência, enfrentando seus problemas de saúde mental com coragem e, ao mesmo tempo, se envolvendo nas vidas de outros personagens que também lidam com suas próprias transformações.

História de H. é uma ficção centrada na minha observação do outro. Trato de assuntos emergentes como a luta contra a doença do etarismo, a reprodução assistida, advocacia predatória, tratamentos psiquiátricos modernos, poligamia, e várias outras discussões atuais. Sou um artista maduro, mais de trinta anos lidando com as palavras como instrumento essencial para minha atividade criativa, meu trabalho é enraizado no estudo de emoções, sensações e sentimentos humanos e aí reside meu motivo, minha obrigação íntima”, conta Frattini ao Tribuna de Jundiaí.

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Os personagens: figuras que desafiam as expectativas

O romance apresenta um elenco diversificado de personagens, cada um com suas próprias complexidades e histórias. Isabel, a irmã caçula de H., lida com o dilema da reprodução assistida, enquanto Lili, a cuidadora de H., vive um romance poliamoroso. O farmacêutico Ubirajara, por sua vez, leva uma vida dupla como stripper à noite.

Além deles, há Paulo, o advogado envolvido nos negócios da família, mas com práticas predatórias, e Tio Humberto, que, mesmo após sua morte, continua a ser um tema de controvérsia devido a envolvimentos em questões de enriquecimento ilícito.

História de H.” trata da complexidade das relações humanas, não existe tema mais universal, não é verdade? E é justamente sobre o conceito de ‘faixas etárias’ que o livro abre boas discussões. Somos jovens ou velhos demais? Mais sábios ou mais ignorantes segundo nossas idades físicas? Rejuvenescer artificialmente ou envelhecer naturalmente? Até que ponto podemos qualificar o ser humano seguindo a régua de sua idade?”

Reflexões sobre envelhecimento, saúde mental e luto

Um dos temas centrais do romance é a luta contra o envelhecimento e as questões relacionadas à saúde mental. H. e seus amigos enfrentam a difícil tarefa de lidar com suas perdas, seus traumas e suas angústias.

Como Frattini escreve: “Vamos enfrentar o luto, vamos dividir o luto, vamos apostar para ver quem chora mais… vamos sofrer até esgotar o combustível.” O autor não hesita em explorar as complexidades do luto, da perda e da tentativa de reconciliação com a vida à medida que o tempo avança.

Lições de amor e liberdade

Em História de H., Frattini também nos convida a refletir sobre temas universais como a liberdade no amor, a dificuldade de seguir em frente e escapar da loucura, e o poder transformador dos laços afetivos.

Cada personagem enfrenta suas próprias lutas internas, mas todos estão unidos pela busca de um significado maior para suas vidas. O romance nos mostra que, mesmo nas situações mais difíceis e aparentemente sem saída, sempre há uma oportunidade para transformação e reconciliação.

“Tenho outros livros lançados e História de H. é o romance que exigiu mais fôlego. Pode parecer contraditório: aqui tentei equilibrar desequilibrando. É muito difícil definir História de H., é preciso ler o livro para colocá-lo, seguindo a perspectiva do leitor, em algum gênero determinado além do romanesco”, conta.

Sobre o autor

D.B. Frattini é um mineiro que, após décadas dedicadas ao teatro como dramaturgo, diretor e ator, agora se dedica integralmente à literatura. Com uma carreira acadêmica em artes cênicas, o autor tem um vasto conhecimento de composição artística e antropologia teatral. Já publicou obras como Meninos Suspensos (2023) e Bofetada e Êxtase (2022), consolidando-se como uma figura importante na literatura contemporânea. Com História de H., Frattini continua a explorar temas profundos e universais, fazendo de sua escrita uma verdadeira reflexão sobre a condição humana.

“Morei em Jundiaí alguns anos durante minha infância, no momento resido em uma chácara na região da Figueira Branca em Campo Limpo Paulista. Vivo muito recluso (o silêncio e a solidão são essenciais). Não sei até que ponto Jundiaí e Campo Limpo Paulista influenciaram na criação de “História de H.”, mas alguns aspectos dos cenários da narrativa certamente refletem ou lembram as duas cidades. Guardo um afeto enorme por Jundiaí, um dia desses escrevo um romance inteiro sobre o saudoso Cine Ipiranga, o Cine Marabá será o antagonista da história”, finaliza.

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