O jornalista Edu Cerioni lança no próximo dia 8 de abril, terça-feira, às 19h, no Candreva Bar, em Campinas, o livro Antes do Pelé veio o Migué. A obra ilustrada resgata a trajetória de Miguel do Carmo, conhecido como Migué, primeiro jogador negro da Associação Atlética Ponte Preta, e celebra as contribuições históricas dos negros para o futebol brasileiro.
Um pioneiro antes do Rei
Muito antes de Pelé brilhar no mundo, foi Migué quem deu o pontapé inicial na inclusão de jogadores negros nos gramados brasileiros. Em 1900, ele ajudou a fundar a Ponte Preta e se tornou seu primeiro center-half. Desde então, sua história ecoa nas trajetórias de ídolos como Leônidas da Silva, Romário, Cafu, Estêvão e Endrick.
Com linguagem acessível e ilustrações de Ricardo Lacraia Colombera, a obra é voltada tanto para o público jovem quanto para os mais velhos, conectando gerações por meio da memória e da resistência. Migué nasceu em 1885, em Jundiaí, antes mesmo da abolição da escravatura, e morreu em 1932. Hoje dá nome a uma rua próxima ao Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.
Racismo no futebol: ontem e hoje
O livro nasceu em meio ao atual cenário de racismo nos estádios, como os casos envolvendo o jogador Vinícius Junior, e tem como missão conscientizar sobre o valor e a igualdade racial no esporte.
“Ao tratar de questões tão complexas e sensíveis, é importante evitar a perpetuação de estereótipos ou a reprodução de preconceitos, por isso busquei retratar de maneira cuidadosa e responsável o impacto das relações raciais no futebol, sempre contextualizando os eventos e as formas de expressão de acordo com as épocas retratadas”, afirma Edu Cerioni.
Ele completa: “A obra não pretende reduzir o sucesso de atletas negros a uma questão de cor de pele ou de aptidão natural, reconhecendo que o talento e as conquistas no futebol, assim como em qualquer outra esfera, são multifacetados e não devem ser interpretados exclusivamente pela ótica da raça”.
Memórias e histórias que marcaram época
Antes do Pelé veio o Migué vai além das glórias e também toca em feridas do passado. Um exemplo marcante é a fala do goleiro campineiro Moacyr Barbosa sobre a injustiça sofrida após a derrota na Copa do Mundo de 1950:
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“No Brasil, a pena máxima para qualquer crime é de 30 anos, só que não vale com a gente. A pena imposta a nós, os jogadores daquela seleção, já ultrapassou todos os prazos e a tal da anistia não chega nunca”, disse Barbosa ao autor em 1998.
A narrativa traz também curiosidades e episódios marcantes da vida de outros craques negros como Didi Folha Seca, Jairzinho, Dadá Maravilha e tantos outros que fizeram do futebol uma paixão nacional.
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Sobre o autor e colaboradores
Edu Cerioni atua no jornalismo desde 1984 e tem passagens por veículos como Correio Popular, Jornal da Tarde e Vogue Homem. Também é autor de livros como Infinita é tua Beleza, sobre o bloco carnavalesco Refogado do Sandi, e Maria dos Pacotes, sobre uma figura mítica das ruas de Jundiaí.
A obra conta com ilustrações de Ricardo Lacraia Colombera, tatuador e artista especializado em realismo em preto e cinza, e revisão ortográfica de Nelson Manzatto, ex-editor do Diário do Povo.
Serviço
Noite de autógrafos – “Antes do Pelé veio o Migué”
📅 Data: 8 de abril de 2025 (terça-feira)
🕖 Horário: A partir das 19h
📍 Local: Candreva Bar – Av. Monte Castelo, 23 – Jardim Proença – Campinas
