Migué, atleta de Jundiaí e o 1º negro do futebol, ganha livro
Foto: Divulgação/Edu Cerioni

O jornalista e biógrafo Edu Cerioni anunciou que lançará, na próxima semana, um livro sobre Miguel do Carmo, o Migué, atleta de Jundiaí e que foi o primeiro negro do futebol brasileiro. A obra ilustrada “Antes do Pelé veio o Migué” conta a história do jogador e o espaço que abriu para tantos outros negros craques de bola.

De acordo com Cerioni, em tempos de racismo declarado em estádios de todo o mundo, especialmente o tratamento dado a Vinícius Jr. na Espanha, surge a ideia deste livro. A obra resgata a memória de Migué e especialmente serve para conscientizar as novas gerações de que “a cor da pele não indica diferenças genéticas, é só mais ou menos melanina”, destaca o autor.

Antes de entrar com o projeto para aprovação, Edu Cerioni ouviu diferentes lideranças da comunidade negra de Jundiaí sobre ele e Ricardo Colombera [o ilustrador da obra], dois homens brancos, produzirem o livro do Migué. De acordo com o jornalista, todos consideraram positiva a iniciativa.

“Se vocês não fizerem, quem vai fazer?”, disse Edna Oliveira, presidente do Clube Beneficente Cultural e Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro, o clube negro mais antigo em atividade do país. “Façam, porque tem muito negro protagonista em diferentes momentos e áreas de atuação aguardando um necessário resgate histórico como trará este livro”.

Quem foi Migué?

O jundiaiense defendeu a Ponte Preta de Campinas entre 1900 e 1904 e é o pioneiro naquele que os negros ajudaram a transformar no país do futebol, que revelou o Rei Pelé, o único a vencer três vezes como jogador uma Copa do Mundo. A lista é grande de nomes de negros históricos nesse esporte e que são citados pelo autor, muitos com detalhes pitorescos, feras como Didi Folha Seca, Furacão Jairzinho, Dadá Maravilha, Cafu e os novos craques que vão sendo revelados a cada dia.

Migué jogava como center-half e trabalhava como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Nasceu em 1885, antes da Lei Áurea, e morreu em 1932, com apenas 47 anos. Em 2017, em comemoração ao aniversário da Associação Atlética Ponte Preta, virou selo do Correio Nacional.

Migué, atleta de Jundiaí e o 1º negro do futebol, ganha livro
Foto: Divulgação/Edu Cerioni

O autor, o ilustrador e mais sobre o livro

Edu Cerioni atua no jornalismo diário desde 1984, com passagens por Jornal de Jundiaí, Correio Popular de Campinas, Jornal da Tarde/Estadão e Rede Bom Dia de Jornais, da qual foi editor-chefe até 2014. Neste mesmo ano, lançou o portal de notícias JundiAqui, que mantém no ar com informações diárias. Trabalhou ainda como freelancer para as revistas Quatro Rodas, Vogue Homem e jornal Folha de S. Paulo.

Trabalhou no Correio Popular por 7 anos e foi setorista por quase 2 anos da Ponte Preta, e desde que ouviu sobre o primeiro negro do futebol brasileiro, Migué, e por sinal um conterrâneo seu, o jornalista e escritor o considerou merecedor de um lugar especial na história esportiva.

Dono da Cadeira número 3 da Academia Jundiainse de Letras (AJL), Edu Cerioni é autor dos livros “Infinita é tua Beleza”, que resgata a história do maior e mais tradicional bloco de Carnaval de Jundiaí, o Refogado do Sandi, e de “Maria dos Pacotes”, sobre o mito das ruas.

Ricardo Colombera, apelidado de Lacraia, é ilustrador e tatuador em Jundiaí, com experiência de mais de 25 anos em desenho realista em preto e cinza.

A publicação do livro de Migué tem revisão ortográfica de Nelson Manzatto. Para a revisão histórica, o autor convidou os negros José Mário Orlandi, diretor do Colégio Rosa de Jundiaí e que jogou basquete pelo time adulto da Ponte Preta nos anos 90, e Luiz Alberto Carlos, também membro da Academia Jundiaiense de Letras. São chamados de “olheiros”.

A obra foi aprovada e tem incentivo pela Lei Paulo Gustavo (Lei Federal nº 195/2022) por intermédio da Gestão de Cultura da Prefeitura Municipal de Jundiaí. São 60 páginas em preto e branco, no formato 23×23 cm e preço de venda de R$ 50 cada livro.

Calendário de lançamento do livro

  • 22 de novembro de 2024 / 19h – O lançamento oficial será no Clube Beneficente Cultural e Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro. O DJ Roger cuidará da black music. E haverá uma novidade para Jundiaí: a exibição do curta-metragem “Migué”. O filme explora os desafios e obstáculos enfrentados pelo primeiro jogador negro durante um período de segregação racial no mundo. O projeto foi patrocinado pelo FICC – Fundo de Investimentos Culturais de Campinas, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. O curta é dirigido por Kaíto Prado e produzido por Bantarvi Produções e 3House Filmes. Tem trilha sonora original e cenas gravadas nas cidades de Campinas e Jundiaí – no Expressa, antigo Complexo Fepasa – e uma ambientação fiel à época. O clube fica na rua Petronilha Antunes, 363, Praça da Bandeira. Entrada gratuita.
  • 23 de novembro de 2024 / 9h – O autor faz roda de conversa com jogadores do projeto social Meninos do Alvorada, sobre a importância de se combater o racismo no futebol. Será na Biblioteca do Grupo Sol da Cidadania. É na Alameda das Palmeiras, 120, Vila Alvorada.
  • 23 de novembro de 2024 / 19h – Noite de autógrafos dentro da programação da Flij – Festa Literária de Jundiaí, no Centro das Artes Professor Pedro Fávaro – vários autores estarão apresentando seus novos trabalhos neste dia. Fica na rua Barão de Jundiaí, 1.093, Centro.
  • 11 de dezembro de 2024 / 19h – Noite de autógrafos na Revistaria do Maxi Shopping Jundiaí. Piso térreo, em frente da loja Vivo. O Maxi fica na avenida Antônio Frederico Ozanan, 6.000, Vila Rio Branco.
  • Em 2025 – Data a definir para noite de autógrafos em Campinas.