Escultura em forma de torso humano com placas têxteis coloridas nos ombros e uma pequena janela azul no centro, parte da instalação interativa Cidadela de Maria Ezou, com outras peças similares desfocadas ao fundo.
Foto: Mônica Cardim

A partir de 14 de dezembro, Jundiaí recebe Cidadela, exposição individual da artista visual para as infâncias Maria Ezou, na Galeria de Exposições Olga de Brito. A instalação interativa propõe ao público uma imersão em universos poéticos, sensoriais e biocêntricos que evocam as emoções e subjetividades do tempo da infância. A mostra fica em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, com entrada gratuita.

Concebida como uma cidade fantástica, Cidadela materializa uma fortaleza onírica onde natureza, casas, corpos e seres humanos integram um mesmo sistema harmônico. Logo na entrada, o visitante encontra um portal-estrutura chamado “estufa”, que remete a raízes aéreas de mangue e à silhueta de montanha. Ali, é possível plantar mudas nativas da Mata Atlântica e do Cerrado — destinadas à restauração ambiental — ou produzir um autorretrato que passa a integrar a galeria de novos “habitantes” da obra.

Casas-corpos e minimundos: uma viagem sensorial pela infância

O coração da exposição revela 15 “casas-corpos”, moldadas a partir do tronco da própria artista. Dentro delas, janelas e portas minúsculas abrem caminho para minimundos imaginários, cada qual com dramaturgia própria e inspirada em aspectos fundamentais da infância — como Memória, Alegria, Liberdade, Proteção, Medo, Tristeza, Desafio, Afeto, Empatia, Raiva, Amor, Espera, Gestar e Infância.

Esses microcenários ganham vida através de autômatos mecânicos e eletrônicos, trilhas sonoras independentes, transições de luz e estímulos auditivos como sons de água, vento, terra e fogo. Todas as casas contam ainda com audiodescrição, reforçando o compromisso da artista com acessibilidade.

Maria Ezou utiliza as artes têxteis como fio condutor das obras, entrelaçando teatro de animação, arte eletrônica, audiovisual, literatura, musicalidade, marcenaria, serralheria artesanal, colagem e saberes provenientes da biologia e da agroecologia. A narrativa resultante revela um mundo onírico que convida crianças e adultos a experimentarem o corpo como território de autonomia e alteridade.

Uma experiência pensada na escala da infância

Para proporcionar vivências reais e integradas às crianças, toda a expografia foi planejada na altura do olhar dos pequenos. Já os adultos são convidados a redescobrir a exposição a partir desse mesmo ponto de vista, explorando Cidadela com a curiosidade e a sensibilidade da infância.

A mostra reafirma a potência do corpo como espaço político e simbólico. O caminho de visitação é livre: cada pessoa escolhe sua trilha, descobrindo narrativas e emoções particulares em cada casa-corpo.

A artista que transforma memórias, tecidos e autômatos em mundos possíveis

Premiada artista visual, performer e educadora, Maria Ezou é referência no movimento das artes visuais para as infâncias. Suas obras dialogam com cosmogonias latino-americanas, biocentrismo ancestral, espacialidades e afetos. A infância vivida em liberdade, em contato com a natureza e com saberes familiares — como autômatos do avô, cozinha e costura das avós e viagens pela América Latina — estruturam sua poética.

Sua trajetória abrange artes visuais, performance, instalação e trabalhos para teatro, muitos deles premiados. Entre as obras, destacam-se Cidadela (em diferentes versões desde 2022), o quadro bordado “Janelas do Céu”, performances e direções de arte reconhecidas em festivais e premiações como FEMSA, APCA, Cultura Inglesa e Grammy Latino.

Criação coletiva: 17 artistas e mestres ao lado de Ezou

Embora a concepção seja individual, a exposição nasce de processos colaborativos com artistas e especialistas convidados. Entre os 17 nomes estão André Mehmari, Heloisa Pires Lima, Juliana Notari, Mônica Cardim, Leonardo Martinelli, Willian Oliveira, Cristina Souto, entre outros, que contribuíram com dramaturgia, música, sistemas eletrônicos, fotografia, luz, marcenaria e modelagens diversas.

Cidadela integra o projeto homônimo que já percorreu Minas Gerais, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará desde 2022, somando mais de 64 mil espectadores.

Serviço — Exposição Cidadela: Arte e Natureza

Abertura: 14 de dezembro
Período: 14 de dezembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026
Recesso: 21/12 a 02/01
Local: Galeria de Exposições Olga de Brito – Centro das Artes Prefeito Pedro Fávaro
Endereço: Rua Barão de Jundiaí, 1093 – Centro
Classificação: Livre
Entrada: Gratuita
Horários:
– Terça a sexta: 9h às 18h
– Sábados, domingos e feriados: 9h às 14h
(Sujeito a alterações conforme site da Prefeitura)

Acessibilidade: audiodescrição e acessibilidade espacial.

Programação Extra

Visita mediada com a artista e curadora Maria Ezou

– 14/12, às 14h (com a “Oficina de plantio Territórios Livres”)
– 30/01, às 18h
– 31/01, às 15h
– 13/12, horário a confirmar
Agendamento para grupos e escolas disponível.

Ciclo de Debates – “Diálogos Transversais sobre Arte e Infância”

– 30/01, das 14h às 18h
– 31/01, das 9h às 13h

Mais informações no site: https://www.exposicaocidadela.art/cidadela.