Danilo Gentili em uma cena do filme "Como se tornar o pior aluno da escola" (2017)
Foto: Reprodução/ Netflix

O Ministério da Justiça e Segurança Pública alterou a classificação indicativa do filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, produção de 2017 do humorista Danilo Gentili, que desde o final de semana (13) tem sido associado à pedofilia por perfis bolsonaristas. Além dele, o ator Fabio Porchat também se tornou alvo das acusações.

A decisão que já foi publicada no Diário Oficial da União, diz que o longa agora é recomendado apenas para maiores de 18 anos por conter “coação sexual, estupro, ato de pedofilia e situação sexual complexa”. Antes, o filme era indicado para maiores de 14 anos.

A decisão recomenda também que, na TV aberta, o filme seja exibido apenas depois das 23h. “A nova classificação etária, com os devidos descritores de conteúdo, deve ser utilizada em qualquer plataforma ou canal de exibição de conteúdo classificável em até 5 dias corridos”, diz o texto do despacho assinado pelo secretário José Vicente Santini. 

Na última terça-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a suspensão da disponibilização, exibição e oferta do filme nas plataformas de streaming.

O documento determina que Netflix, Telecine, Globoplay, YouTube, Apple e Amazon parem com a exibição e oferta do filme, “tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista”. Em caso de descumprimento da decisão, em cinco dias, será aplicada multa diária no valor de R$ 50 mil. 

Mesmo com toda a polêmica, Gentili afirmou ter “orgulho” de conseguir “desagradar” em um mesmo nível de intensidade tanto os petistas quanto os bolsonaristas, e falou em “falso moralismo”, disse no twitter.

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O Humorista também disse que a mensagem do filme é totalmente o oposto de apologia à pedofilia. “A cena em questão é exatamente sobre uma pessoa que se apresenta como o melhor aluno da escola, que seria uma autoridade, pedindo coisas abjetas e absurdas para os alunos, que não obedecem o cara só porque ele é uma autoridade. Então, na verdade, em momento algum o filme faz apologia à pedofilia. O filme vilaniza a pedofilia”, afirmou Danilo Gentili.

Já o ator Fábio Porchat, que interpreta o vilão Cristiano, personagem que aparece na cena criticada, concordou com a fala de Gentili. 

“Eu interpreto um vilão. É um personagem mau, que faz coisas horríveis. Um vilão pode ser racista, nazista, machista, pedófilo, matar ou torturar pessoas. Quando isso aparece em um filme, não quer dizer que estamos fazendo apologia”, disse o ator em vídeo exibido no “Jornal Nacional” na última terça-feira (15).

“Não é um incentivo ao que o vilão está praticando, mas sim um mundo perverso sendo revelado ao público. Existem momentos em que é duro assistir. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante é”, concluiu Porchat.