
A arte urbana sempre desempenhou um papel importante na expressão cultural e na transformação dos espaços públicos. No entanto, as pessoas com deficiência visual tem acesso limitado a essa forma de arte, sendo privadas dessa experiência. Reconhecendo essa lacuna, surge o projeto artístico-cultural “Graffiti #PraCegoVer”, que busca inovar a maneira como a arte urbana é apreciada por esse público, promovendo inclusão e democratização da experiência artística.
O projeto, pioneiro em sua abordagem, visa criar uma experiência completa e imersiva para deficientes visuais por meio de murais de grafite em braile. Para isso, os murais são táteis e acompanhados de texto em braile, detalhando as formas da imagem, suas cores e dimensões.
“A democratização e a inserção da arte para além do sentido visual, além de inclusiva, é transformadora do espaço público, uma vez que a arte manifesta a presença e os discursos de diversos agentes históricos”, diz o Curador do Projeto, Roberto Parisi.
Conduzidos por uma equipe multidisciplinar de profissionais, foram realizados inúmeros diálogos e parcerias com entidades sociais, produtores culturais, acadêmicos, engenheiros e artistas.
O projeto envolve não apenas a criação artística, mas também a disseminação da técnica desenvolvida. Para isso, estão planejadas diversas atividades, incluindo uma roda de conversa com entidades e pessoas com deficiência visual para discutir a ampliação e democratização do acesso a projetos culturais. Além disso, são oferecidos workshops físicos e online, nos quais artistas aprenderão a aplicar a técnica do braile nos murais, permitindo sua replicação em diferentes partes do mundo.
O primeiro mural desenvolvido foi inaugurado na capital paulista, no Beco do Batman. Em outubro, será a vez da cidade de Jundiaí receber o projeto inovador e inclusivo. As obras ficarão expostas no Parque da Cidade de Jundiaí, entre 30 de setembro a 30 de novembro.
Como é feito o Grafitti #PraCegoVer
As obras criadas para o Grafitti #PraCegoVer são protagonizadas pelo personagem Yoko, um macaco japonês que simboliza a luta por inclusão, diversidade e representatividade social. A história do projeto será contada em três murais distintos, que se conectam como uma história em quadrinhos, oferecendo uma experiência única aos espectadores.
Após a criação das obras, elas são digitalizadas e transformadas em impressões 3D, que se integram aos murais físicos, formando painéis autônomos que completam a narrativa quando vistos juntos. As obras estarão disponíveis para exposição pública durante 60 dias, permitindo que a população vivencie de maneira imersiva e inclusiva a arte urbana.
Programação
Roda de Conversa (1º de outubro):
- Discussão sobre a ampliação e democratização do acesso de deficientes visuais a projetos culturais
- Duração: 1 hora
Workshop (2 de outubro):
Físico: Destinado a artistas interessados em replicar a técnica do braile nos murais.
- Abordagem de tópicos como criação de arte, aplicação de braille e texturas, digitalização, impressão tridimensional, aplicação e fixação, pintura
- Duração do Workshop: 18 horas
- Tempo de vídeo disponibilizado: 90 minutos
Online:
- Transmissão e gravação do processo de planejamento e execução, com depoimentos de artistas e deficientes visuais
- Duração: 90 minutos