
A série ‘Round 6’ se tornou a produção mais assistida da história da Netflix, e tem a classificação indicativa recomendada para maiores de 16 anos, por causa do conteúdo bastante violento.
O enredo da série coreana gira ao redor de pessoas 456 endividadas que podem ser resgatadas da crise por meio de jogos que literalmente são sobre vida ou morte. A narrativa traz ao debate uma série de narrativas sobre a sociedade: O que leva pessoas a arriscarem tudo por dinheiro? Quais os valores da vida? O que seria, de fato, a felicidade?
No entanto, crianças têm assistido ao programa sem que os pais intervenham ou entendam o perigo que isso representa. Exemplo disso é que uma escola no Rio de Janeiro revelou que crianças de 7 e 8 anos têm comentado sobre o assunto nos horários livres e feito brincadeiras que, na série, são relacionadas ao assassinato de personagens. A neuropsicóloga, Leninha Wagner, lembra o quanto é necessária uma espécie de controle por parte dos pais.
“A série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo, palavras de baixo calão, e isso chama a atenção pois são crianças comentando sobre o assunto como se fosse algo normal delas assistirem”, explica.
“Ao entrar em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando isso como algo comum. Tornam-se mais reativas e agressivas. Nesta fase da vida ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes”, acrescenta.
Além disso, a especialista pondera que nesta idade o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções. “As crianças tendem a fazer o que vêem, não o que os pais e professores sugerem”.
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Enquanto isso, Fabiano de Abreu, que é PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo, esclarece que as crianças não têm a mesma percepção preventiva do adulto.
“A região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, lógica e prevenção está em formação. Assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida. São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança”.
Neste caso, ele recomenda que os pais tenham cuidado ao acesso das crianças, e expliquem com argumentos coerentes para cada idade, para que os pequenos entendam a diferença entre o real e a ficção, e suas consequências.
 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		